Calendários distintos revelam contrastes de acesso, abrangência e custos na vacinação das crianças brasileiras
A forma como as crianças são vacinadas no Brasil depende do sistema de saúde escolhido pelos pais. Enquanto o SUS (Sistema Único de Saúde) segue o calendário do PNI (Programa Nacional de Imunizações), voltado às necessidades coletivas e totalmente gratuito, as clínicas particulares adotam orientações da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), com foco na saúde individual e acesso a imunizantes não disponíveis na rede pública.
Vacinação pelo SUS
O SUS garante proteção contra mais de 20 doenças consideradas graves. Para ampliar o alcance, utiliza vacinas que equilibram eficácia e custo, priorizando os subtipos de vírus e bactérias mais comuns no país.
Um exemplo é a vacina pneumocócica oferecida pela rede pública: a Pneumo 10, que protege contra 10 sorotipos do pneumococo, microrganismo responsável por infecções como meningite, pneumonia, otite e sinusite. Já nas clínicas privadas, a cobertura é ampliada com a Pneumo 13, que oferece proteção contra 13 sorotipos diferentes. Situação semelhante ocorre com outros imunizantes, como os contra rotavírus e gripe.
Comparação dos calendários
As diferenças não estão apenas nos tipos de vacinas, mas também na organização dos calendários de aplicação:
Rede pública (SUS)
Ao nascer: aplicação da BCG e primeira dose da hepatite B;
2 meses: tetravalente (DTP + Hib), VOP (pólio) e VORH (rotavírus);
4 e 6 meses: reforços dessas vacinas;
9 meses: dose contra febre amarela;
12 e 15 meses: tríplice viral, reforço da DTP, da VOP e outras doses previstas pelo PNI.
Rede privada
Disponibiliza vacinas adicionais, como a Hexavalente acelular, Pneumocócica 13 ou 15, Rotavírus Pentavalente, Meningocócicas B e ACWY, além de hepatite A e varicela;
As doses são distribuídas de forma mais extensa, entre 2 e 18 meses de idade, com reforços organizados de acordo com a clínica.
Diferenças principais entre SUS e rede privada
SUS: gratuito, com vacinas acessíveis em todo o território nacional, calendário unificado e padronizado pelo Ministério da Saúde.
Rede privada: pago, com custos que variam conforme imunizante e clínica, maior oferta de vacinas (como contra HPV para meninos, herpes zoster, meningite B e rotavírus pentavalente) e atendimento personalizado, em muitos casos.
PNI
Instituído em 1973, o Programa Nacional de Imunizações já estava em funcionamento antes mesmo da criação do SUS, em 1990. Hoje, é considerado o maior programa público de vacinação da América Latina, com 48 imunobiológicos em oferta — sendo 31 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas.
Entre as conquistas do PNI estão a erradicação da poliomielite no Brasil em 1994, a recertificação do país como livre do sarampo pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a inclusão pioneira da vacina contra a dengue. A expectativa é de que, até o final de 2025, o SUS também passe a oferecer a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), causador de grande parte dos quadros de bronquiolite e pneumonia em crianças com menos de dois anos.
Novidades no SUS: novas vacinas contra VSR, herpes zóster e dengue entram na pauta
O Sistema Único de Saúde deve receber importantes reforços no calendário de vacinação nos próximos meses. Três imunizantes estão em destaque: a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), em processo de produção nacional; a vacina contra o herpes zóster, que está em consulta pública; e a vacina contra a dengue, prevista para ser 100% nacional já em 2026.
Vacina contra o VSR
No dia 10 de setembro, o Ministério da Saúde anunciou uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer para transferência de tecnologia e produção no Brasil da vacina contra o VSR — uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, como bronquiolite e pneumonia.
A previsão é que 1,8 milhão de doses sejam entregues ainda neste ano. A aplicação deve começar na segunda quinzena de novembro, atendendo gestantes a partir da 28ª semana de gravidez . O objetivo é proteger os bebês indiretamente, por meio da transferência de anticorpos da mãe, garantindo imunidade nos primeiros meses de vida — fase de maior vulnerabilidade ao vírus.
Vacina contra o herpes zóster
Já em 17 de setembro, o ministério abriu a Consulta Pública nº 78, voltada à discussão da incorporação da vacina contra o herpes zóster no Programa Nacional de Imunizações (PNI). A proposta contempla idosos com 80 anos ou mais e pessoas imunocomprometidas a partir dos 18 anos.
A consulta ficará aberta até 6 de outubro, na plataforma Participa + Brasil. Até agora, foram registradas 75 contribuições. Qualquer cidadão pode enviar sugestões preenchendo o formulário eletrônico, com a possibilidade de anexar até dois arquivos de apoio. Dados pessoais e informações de terceiros sem autorização não são aceitos.
As contribuições serão analisadas pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), que decidirá sobre a incorporação do imunizante. Os relatórios técnicos já estão disponíveis ao público.
Vacina da dengue 100% nacional
Outra promessa do governo federal é a produção de uma vacina contra a dengue, desenvolvida integralmente no Brasil. O projeto, anunciado no início do ano, é resultado de uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics.
A expectativa é que o país produza 60 milhões de doses anuais a partir de 2026 e 2027, todas destinadas ao PNI. O imunizante será aplicado em dose única, com fabricação totalmente nacional.
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