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Vacinação impede ciclo de febre amarela urbana em São Paulo (75 notícias)

Publicado em 29 de novembro de 2021

Um artigo publicado na Scientific Reports mostra que o vírus se moveu a uma velocidade de 1 km consistente com o dia dos últimos surtos silvestres registrados no estado, entre 2016 e 2019, alcançando comunas que nunca haviam sido afetadas antes; os autores alertam que o cenário pode se repetir (Foto: James Gathany/CDC)

A febre amarela é uma doença viral não contagiosa que tem dois ciclos de transmissão: selvagem e urbano; no primeiro, o vírus circula entre macacos, sendo transmitido no Brasil através de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes; no segundo, ele circula entre os macacos. humanos, que é transmitido através do Aedes aegypti. O Brasil não tem um caso de febre amarela urbana desde 1942, porém, a edição selvagem pode, por acidente, outras pessoas que vivem perto ou em florestas e florestas comuns.

É assim que as últimas epidemias silvestres aconteceram em São Paulo, entre 2016 e 2019, segundo artigo publicado na Scientific Reports, que descreve o procedimento de disseminação no estado, a doença matou outras pessoas em locais muito próximos à capital e em municípios que não tinham a vacina aconselhada, pois nunca haviam sido afetadas pela doença, Assim como Campinas, se a estratégia de vacinação não tivesse se adaptado às circunstâncias, os efeitos poderiam ter sido muito piores, resultando em mais mortes, revelam agora os cientistas.

“Estamos diante da maravilhosa ameaça de que a febre amarela urbana será reintroduzida nas cidades do entorno de São Paulo. Uma epidemia urbana teria efeitos muito graves e seria um retrocesso”, diz Francisco Chiaravalloti Neto, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). É coautor do livro, produzido com a FAPESP.

Duas ondas foram conhecidas entre 2016 e 2019: uma que vem de oeste a leste (2016 e 2017) e que se estende da região de Campinas aos municípios vizinhos do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, até o litoral de São Paulo (2017 a 2019). A primeira onda saiu de São José do Rio Preto em abril de 2016 e chegou a Campinas em agosto de 2017, a uma velocidade de 1 quilômetro (km) consistente com o dia. a doença se espalhou para a capital paulista, litoral, Vale do Paraíba e Sorocaba na mesma velocidade, assim como para o Vale do Ribeira, onde avançou lentamente”, lembra o professor da FSP-USP.

A estratégia de vacinação do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado nessas instâncias é vacinar todo o município ameaçado, bem como os vizinhos. “Mas quando a doença afetou Campinas, a Divisão Estadual de Imunização abandonou essa estratégia, que incluiu vacinar toda a cidade e municípios vizinhos, como Indaiatuba e Paulínia, e vacinar localidades como Jundiaí, Jarinu e Itatiba, já que foi detectado que o vírus estava migrando para lá. tinha mais de 1 milhão de habitantes, mas menos de 1 milhão de doses foram em massa no estado”, disse Adriano Pinter, cientista de estudos da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), empresa do Ministério do Estado de São Paulo. de Saúde e coautor do artigo.

Ele conta que em Mairiporã, cidade onde houve 181 casos humanos, a apólice estava próxima de 80% quando a doença chegou (infelizmente, perto do Natal, quando o número de visitantes aumenta). “Se Mairiporã teve mais de cem mortes mesmo com uma política de vacinação acima de 80%, você acha que se eles não tivessem sido vacinados?”população”. As pessoas só são vacinadas quando viajam. “

Os cientistas alertam que o cenário vivido entre 2016 e 2019 pode se repetir: “É preciso ter cuidado porque sabemos o caminho que a doença pode tomar. Estudos mostram que essas ondas de febre amarela começam na Amazônia e, pelos corredores florestais, passam pelo Tocantins, Goiás e Triângulo Mineiro até chegar ao estado de São Paulo, estendendo-se ao longo do litoral e migrando para o sul. Hoje, a onda chegou ao Rio Grande do Sul. São ondas que se seguem a cada cinco anos. Campinas nunca tinha sido tocada através do ciclo selvagem, é a primeira vez. E descrevemos bem esse procedimento no trabalho”, diz Pinter.

Até 1999, a edição da febre amarela selvagem limitava-se às regiões norte e central do país, com instâncias esporádicas no sudeste. Desde os anos 2000, São Paulo tem sido um dos focos de expansão e fluxo da doença. Entre 2016 e 2019, foram apresentadas 648 ocorrências humanas no estado, com 230 mortes e 850 ocorrências em macacos ou macacos. A febre amarela pode ter sintomas leves, o que ocorre nos casos de pico, porém, a taxa de mortalidade em casos graves é de 40%.

modelo de propagação

Embora não seja uma doença contagiosa, a tendência de difusão descrita pelos cientistas é chamada de propagação de “contágio”, termo que se refere à transmissão sobre o território (como se fragmentos florestais fossem “contagiosos” com outros).

De acordo com o primeiro do artigo, Alec Brian Lacerda, a disseminação da doença pode ocorrer por expansão, desaforização ou de forma híbrida. A difusão por expansão é dividida em duas: por contágio, quando a propagação é observada pela proximidade do território, ou hierárquica, quando às vezes municípios gigantes são afetados; neste caso, a disseminação não segue uma tendência de continuidade territorial, ela salta, o que pode ser apenas um sinal de uma epidemia urbana.

Na difusão por realocação, observa-se movimento migratório: a doença deixa seu ponto de origem, onde para de crescer, e passa para um mais favorável, criando um novo ponto de origem. “Espaços sem orientação vacinal e entrando sem vacinação em espaços com assessoria de vacinação, na realocação de propagação híbrida também ocorre, mas com o antigo ponto de origem ainda ativo, caracterizamos os processos e elaboramos mapas com os municípios e as instâncias que ocorreram: se são casos em macacos, em humanos ou em ambos”, explica Lacerda, que começou a expandir as pinturas quando ainda era bolsista de iniciação clínica da FAPESP.

Segundo Pinter, no momento em que foi feita a proposta de vacinação, foi levado em consideração que o vírus se propagava apenas entre os mosquitos selvagens, e como estes não podem voar muito, notou-se que a propagação se deve à continuidade. do território. “Mas houve uma indagação sobre se seres huguy estavam ou não envolvidos na transmissão. No artigo, verificamos que isso não aconteceu, que a transmissão realmente aconteceu apenas entre mosquitos e primatas não-huguy, e esse tipo acabou sendo afetado, mas não aconteceu, e a transmissão não aconteceu na cidade, se os seres huguy tivessem participado da transmissão, teria sido hierárquica, ou seja, outras pessoas teriam dado a impressão de inflamadas em cidades gigantes, a transmissão teria dado “saltos” de um lugar para outro. E o que estava acontecendo é que o vírus estava se espalhando em pequenas cidades, devido à continuidade territorial. ”

direção e velocidade

Lacerda afirma que a organização utilizou conhecimento do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Professor Alexandre Vranjac da Secretaria de Saúde de São Paulo (casos envolvendo macacos e casos humanos, por meio do município) como conhecimento da política de vacinação 2015-2018 do Programa Nacional de Imunizações. (PNI).

“Utilizamos o conhecimento da política de vacinação para a população entre 0 e 5 anos de idade e, com base nisso, abordamos a política geral da população, pois o conhecimento que temos para essa organização etária é um registro mais confiável de como a população acessa a fórmula de aptidão. E o Ministério da Saúde recomenda seu uso em estudos como o nosso”, diz.

Armados com os dados, os cientistas implementaram uma estratégia estatística chamada kriging para mapear a propagação do vírus. “Para cada município, identificamos uma data, a data do primeiro caso, seja humana ou epizoótica, então criamos uma série numérica. correspondente aos meses, conectando os municípios com os meses em que o procedimento de difusão foi iniciado e utilizamos a estratégia de kriging para mapear o fenômeno em área e tempo, criando curvas que mostram a direção e velocidade de progressão da difusão. , conseguimos compará-los com o mapa da política de vacinação e concluir, por exemplo, que a epidemia afetou Campinas quando a política de vacinação era muito baixa ou não havia recomendação de vacinação”, lembra Chiaravalloti Neto.

invernos quentes

A chegada da doença em locais que nunca foram afetados antes levanta várias hipóteses que merecem ser testadas. “O que faz mais sentido para mim é para invernos mais quentes. Eles não merecem ter mosquitos, alados, no inverno. Eles merecem ser apenas ovos, porque a larva não sangra e morre. Mas o que temos notado é que a transmissão também ocorreu durante o inverno de 2017, ou seja, o mosquito voou durante o inverno”, diz Pinter.

Ele acredita que é concebível que os invernos sem sangue tenham sido culpados de bloquear a transmissão do vírus no passado, cidades protetoras como Campinas e Mairiporã. “Mas agora temos menos invernos sem sangue. Não estou falando de uma diferença de temperatura maciça, ainda 2°C, 3°C. Há artigos sobre dengue que dizem que temperaturas em torno de 20°C são boas para o mosquito, enquanto 16°C já é prejudicial, o mesmo vale para febre amarela. no meio de tantas suposições é que tivemos invernos menos sangrentos, e quanto mais quentes eles são, mais rápido esse vírus se espalha. “

Os principais sintomas da doença são mal-estar, dor de cabeça, febre alta, dores musculares, calafrios, fadiga, vômitos, náuseas e diarreia, mas também pode afetar os rins e fígado. Felizmente, existe uma vacina contra a febre amarela, produzida no Brasil desde 1937. Oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), oferece cobertura vitalícia. “Nossa recomendação para a população é se vacinar”, dizem os três autores em uníssono.