Para reduzir o risco de mortes e casos graves da covid-19, apesar das novas variantes, a vacinação em massa é uma boa estratégia a ser adotada como política pública. É o que aponta estudo feito no interior de São Paulo, na cidade de Serrana, onde cerca de 80% da população recebeu duas doses da vacina CoronaVac.
Durante a pandemia, a cidade de Serrana foi escolhida como alvo para o Projeto S, desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com pesquisadores de outros centros de pesquisa. A população local recebeu prioridade na hora da vacinação e os esforços de imunizar a maioria dos habitantes foi intensificada.
Agora, é possível enxergar os resultados da estratégia, conforme revela o estudo publicado na revista científica Viruses. Entre os destaques, está o menor número de óbitos nas ondas causadas pelas três últimas variantes da covid-19:
“O estudo mostrou os efeitos benéficos da vacinação que, quando aplicada ampla e precocemente, pode reduzir de forma significativa as taxas de mortalidade e morbidade deste agente viral”, explica Simone Kashima, pesquisadora do Hemocentro de Ribeirão Preto e uma das autoras do estudo, para a Agência Fapesp.
Vacinação em massa reduziu casos graves da covid-19?
Após analisar os dados da pandemia na cidade de Serrana, os autores afirmam que "a avaliação do resultado clínico da covid-19 revelou que a maioria dos casos foi leve, independentemente do VOC [variante de preocupação] infectante".
Em porcentagem, 88,9%, 98,1%, 99,1% dos casos foram leves para Gama, Delta e Ômicron, respectivamente. No entanto, a capacidade de controle dos casos da covid-19 caiu de forma significativa com o estabelecimento da variante Ômicron.
Quando se compara os efeitos das variantes em Serrana e no país todo, os autores pontuam que "a mortalidade durante Gama e Delta foi significativamente reduzida em comparação com o resto do Brasil, o que também foi relacionado a menor morbidade". Muito provavelmente, essa menor taxa é resultado da campanha em massa de imunização, sugerem.
No total, os pesquisadores do Projeto S fizeram análises de 4,3 mil genomas completos do vírus da covid-19, obtidos entre junho de 2020 e abril de 2022.
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela
Fonte: Viruses e Agência Fapesp