O combate à dengue no Rio de Janeiro ganha um novo impulso a partir de 2 de fevereiro de 2025. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) decidiu ampliar a faixa etária da vacinação contra a doença, permitindo que adolescentes de até 16 anos recebam a imunização. A medida ocorre após a constatação de baixa adesão à segunda dose da vacina entre o público-alvo inicial, composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Com mais de 100 mil doses paradas nos estoques, a ampliação busca garantir que as vacinas sejam aplicadas e cumpram sua função de proteger a população contra a dengue, doença que já registrou 756 casos confirmados na cidade em 2025, além de uma morte.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que o prazo para vacinação das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos com a segunda dose se encerra em 31 de janeiro. A partir daí, as vacinas restantes serão disponibilizadas para adolescentes de até 16 anos. Segundo ele, a ampliação é uma forma de evitar o desperdício dos imunizantes, que têm validade limitada, e de atender a um público que demonstra interesse em se vacinar. A estratégia reflete a necessidade urgente de elevar os índices de imunização, considerando o aumento no número de casos da doença e a presença do Aedes aegypti em diversas regiões.
Além do desafio da baixa adesão à vacinação, o município enfrenta o agravamento da situação epidemiológica da dengue. Em janeiro de 2025, a cidade do Rio registrou a primeira morte pela doença, envolvendo um homem de 28 anos, morador de Campo Grande, na Zona Oeste. A ocorrência reforça a urgência de medidas preventivas e o papel fundamental da vacinação como ferramenta de controle.
Impacto da ampliação e esforços para evitar desperdício de doses
A decisão de incluir adolescentes de até 16 anos na campanha de vacinação surge como resposta direta ao problema de vacinas acumuladas nos postos de saúde. Desde o início da campanha, as autoridades vêm enfrentando dificuldade para convencer pais e responsáveis a levarem as crianças para a segunda dose, indispensável para a imunização completa. A vacina contra a dengue exige um intervalo de três meses entre as doses, mas muitos pais não retornaram aos postos dentro do prazo estabelecido.
Para evitar que as vacinas em estoque sejam inutilizadas, a Secretaria Municipal de Saúde resolveu ampliar o público-alvo. Segundo especialistas, a vacinação deve ser priorizada, especialmente em períodos de maior circulação do vírus, como o verão, quando as chuvas e altas temperaturas favorecem a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.
Dengue no Rio de Janeiro: números preocupantes em 2025
Desde o início de 2025, a cidade do Rio de Janeiro já contabilizou 756 casos confirmados de dengue, de acordo com o Observatório Epidemiológico do município (EpiRio). Esses números evidenciam a gravidade da situação e reforçam a importância de ações integradas de controle, como a vacinação e o combate aos focos de reprodução do mosquito.
O primeiro levantamento rápido de índices para o Aedes aegypti (LIRAa) de 2025 apontou que 0,74% dos 100 mil domicílios visitados apresentavam focos com larvas ou ovos do mosquito. Esses focos estavam concentrados principalmente em depósitos de móveis, vasos de plantas, lixo acumulado, calhas e caixas de passagem de água. Embora o índice esteja abaixo de 1%, considerado satisfatório, os especialistas alertam que qualquer nível de infestação representa risco significativo para a transmissão da dengue.
Como funciona a vacina contra a dengue
A vacina contra a dengue, utilizada no Brasil, foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus. O esquema vacinal inclui duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Estudos mostram que a imunização completa reduz em até 70% os casos graves da doença e diminui consideravelmente as hospitalizações.
O público inicialmente priorizado para a vacinação no Rio de Janeiro compreendia crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária considerada mais vulnerável a complicações graves da doença. No entanto, com a ampliação para adolescentes de até 16 anos, espera-se atingir uma cobertura vacinal mais ampla e eficiente, contribuindo para o controle da transmissão.
Lista de medidas para combater a dengue no município
Vacinação ampliada: Disponibilização das doses para adolescentes de 10 a 16 anos.
Mobilização comunitária: Campanhas educativas para sensibilizar a população sobre a importância da vacinação.
Controle de focos do mosquito: Fiscalização e ações de limpeza em áreas com maior risco de proliferação do Aedes aegypti.
Monitoramento constante: Levantamentos regulares para identificar áreas com índices elevados de infestação.
Atendimento especializado: Reforço na capacidade de atendimento das unidades de saúde para casos suspeitos de dengue.
Histórico da vacinação contra a dengue no Brasil
O Brasil iniciou a campanha de vacinação contra a dengue em 2016, utilizando inicialmente um imunizante internacional. Em 2023, o país avançou no desenvolvimento de sua própria vacina, com o Instituto Butantan liderando os esforços. Essa vacina nacional ainda aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser distribuída em larga escala.
No Rio de Janeiro, a campanha foi intensificada a partir de 2024, quando os casos de dengue voltaram a aumentar significativamente. A capital fluminense é uma das áreas do país mais afetadas pela doença, devido às condições climáticas e à densidade populacional.
Curiosidades sobre a dengue e a vacinação
A dengue é causada por um vírus transmitido exclusivamente pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Não existe tratamento específico para a doença, sendo os cuidados voltados para o alívio dos sintomas.
A vacinação contra a dengue é uma medida preventiva complementar, não substituindo as ações de controle do mosquito.
A ampliação da faixa etária no Rio de Janeiro é uma das primeiras iniciativas desse tipo no Brasil.
Panorama nacional e perspectivas futuras
Em nível nacional, o Ministério da Saúde tem debatido a ampliação da vacinação contra a dengue para outras faixas etárias, especialmente após o aumento de casos registrado nos últimos anos. Enquanto isso, estados e municípios continuam adotando estratégias específicas para lidar com as particularidades locais.
No Rio de Janeiro, a ampliação da faixa etária representa uma oportunidade para aumentar a cobertura vacinal e diminuir os impactos da doença. A medida também demonstra a necessidade de ajustes nas campanhas de vacinação para alcançar maior adesão da população.
Dados relevantes sobre a vacinação e a dengue
Número de doses disponíveis: 100 mil vacinas em estoque no município do Rio de Janeiro.
Casos confirmados em 2025: 756 na cidade, com uma morte registrada.
População-alvo: Adolescentes de 10 a 16 anos.
Eficácia da vacina: Redução de até 70% dos casos graves da doença.
LIRAa de 2025: 0,74% dos domicílios visitados apresentavam focos do Aedes aegypti.
A vacinação contra a dengue no Rio de Janeiro entra em uma nova etapa com a ampliação para adolescentes de até 16 anos, trazendo esperança de maior controle da doença na cidade. Contudo, o sucesso da campanha dependerá não apenas da disponibilização das doses, mas também do engajamento da população e do fortalecimento das ações de combate ao mosquito.