A vacinação mudou o perfil das pessoas hospitalizadas e mortas por covid-19 no país, segundo estudo de pesquisadores da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), no interior de São Paulo, e publicado na revista Journal of Infection no dia 2 de fevereiro. A pesquisa indica que a vacina reduziu o risco de desenvolvimento de quadros graves da doença mesmo em pessoas com várias comorbidades.
“Nosso objetivo era descobrir qual é o melhor preditor de mortalidade entre os vacinados”, disse Maurício Lacerda Nogueira, um dos autores do estudo, à Agência FAPESP, em texto publicado nesta quinta-feira (10). Ou seja, a ideia era medir o impacto dos fatores de risco para a doença nos não imunizados e em pessoas com esquema vacinal completo.
Segundo o estudo, que analisou dados de pacientes internados entre janeiro e setembro de 2021 em um hospital de referência de São José do Rio Preto, os não vacinados tinham idade média de 51 anos, e 71,5% tinham uma ou mais comorbidades. Entre os que haviam recebido duas doses de vacina, a idade média era de 73 anos e 95% tinham outras doenças.
A pesquisa mostrou que, para os não vacinados, os fatores que se correlacionaram com risco maior de internação e morte foram idade superior a 60 anos e a presença de uma série de doenças, incluindo cardiopatias e diabetes. Para os vacinados, também foi identificado o fator da idade, mas apenas uma comorbidade — doença renal — se correlaciona com maior risco de internação ou morte.
“Essa é uma evidência clara de que a vacina protege muito bem e salva vidas”, disse Nogueira. A pesquisa avaliou dados de 2.777 pacientes internados na época.