A formulação apresentada combina em uma única molécula três diferentes formas genéticas, as chamadas variantes alélicas
Atualmente, não existe uma vacina contra a malária vivax. Chamado de Vivaxin, o imunizante passou por testes de boas práticas de laboratório (BPL) e de fabricação (BPF). Foi apresentado em setembro durante o 2º Congresso de Inovação e Sustentabilidade do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) pelo CT-Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceira da USP no desenvolvimento do produto.
— Temos um produto inédito no mundo e inteiramente produzido no Brasil. Meu objetivo desde o início da pesquisa, há mais de dez anos, foi conseguir uma vacina. Agora estamos na etapa final para autorização dos estudos clínicos — diz à Agência FAPESP a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) Irene Soares.
Soares é coordenadora do trabalho juntamente com o professor Ricardo Gazzinelli, diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-Vacinas).
Em artigo publicado há alguns meses, os pesquisadores demonstraram que o imunizante foi capaz de induzir níveis altos de anticorpos em camundongos e coelhos, mostrando-se seguro e bem tolerado. A formulação apresentada combina em uma única molécula três diferentes formas genéticas, as chamadas variantes alélicas, de uma proteína do Plasmodium vivax, a PvCSP (proteína circunsporozoíta), com o objetivo de aumentar a eficácia e proteger contra todas as variações.
No estudo, os anticorpos produzidos pelos camundongos imunizados reconheceram as três variantes da doença, conseguindo, em alguns casos, prevenir completamente a infecção (proteção estéril) e, em outros, retardar o aparecimento dos parasitas no sangue.
Os sintomas da malária vivax incluem febre intermitente, calafrios, suor intenso, fadiga, dores musculares e, em alguns casos, náuseas e vômitos. Uma característica única do P. vivax é a formação de hipnozoítos, formas dormentes do parasita que permanecem no fígado e podem causar recaídas meses ou até anos após a infecção inicial.
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A doença é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, como Ásia, América Latina e Oceania, mas é menos comum na África Subsaariana devido à resistência genética de grande parte da população local. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil registrou 117.946 casos da doença, sendo que 80% deles (95.113) foram provocados pelo Plasmodium vivax, segundo o Ministério da Saúde.
A prevenção da malária vivax, até então, inclui o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida, repelentes, roupas protetoras e controle de criadouros de mosquitos. Em áreas endêmicas, pode ser indicada profilaxia com medicamentos antimaláricos para viajantes.
Fonte: O Globo