Governo planeja produção nacional de insulina e vacina contra VSR, principal responsável por doenças respiratórias em crianças
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (25) que mais de 60 milhões de unidades de vacina contra dengue serão ofertadas anualmente a partir de 2026. A vacina é a primeira 100% nacional e de dose única
A produção da vacina contra dengue será viabilizada por uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, com investimento previsto de R$ 1,26 bilhão.
O Butantan submeteu o pedido de registro da vacina contra dengue à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em dezembro de 2024 e aguarda o parecer do órgão. Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira do mundo em dose única e poderá ser aplicada em pessoas de 2 a 59 anos.
Nos ensaios clínicos, o imunizante demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática e uma proteção de 89% contra dengue grave ou com sinais de alarme.
Com a produção do imunizante, o objetivo do governo é ampliar a proteção contra a doença. O Brasil foi o primeiro país do mundo a oferecer um imunizante na rede pública, a vacina contra dengue Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda.
Devido ao número limitado de doses, só crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de 521 municípios selecionados foram inicialmente incluídos no programa de vacinação.
Além de vacina contra dengue, governo pretende produzir imunizante para doenças respiratórias em crianças
O ministério também informou que pretende produzir no Brasil a vacina contra o VSR (vírus sincicial respiratório) por meio do PDP (Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo).
Para isso, uma parceria entre o Butantan e a Pfizer permitirá a fabricação de até 8 milhões de doses anuais. A ação começou em 2023 e segue até 2027.
Segundo o ministério, estima-se que o projeto vai evitar cerca de 28 mil internações anuais relacionadas a complicações do VSR. O primeiro fornecimento da vacina para o SUS está previsto para o segundo semestre de 2025.
A estratégia adotada pela pasta inclui a negociação de preços com os produtores, incorporação de anticorpos contra o vírus para bebês prematuros e oferta da vacina para gestantes.
Insulina de produção nacional
O governo anunciou ainda a fabricação nacional da insulina Glargina como parte do PDP do ministério. O projeto envolve a produção nacional do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) pela Fiocruz e a ampliação da fabricação do produto final pela Biomm, empresa que recebeu o registro para a produção de insulina Glargina.
A parceria pode possibilitar a produção de 70 milhões de unidades anuais até o final do projeto. O produto está previsto para chegar ao SUS no segundo semestre de 2025.
O evento ocorreu horas antes do anúncio da saída de Nísia Trindade do cargo de ministra. Nísia fez um discurso emocionado sobre vacinas, que já teve um tom de despedida. No fim da tarde foi confirmada a demissão da ministra da Saúde, que será substituída por Alexandre Padilha (PT), atual ministro das Relações Institucionais.
Estadão Conteúdo