Os casos de dengue estão aumentando nos últimos tempos, o que tem deixado as autoridades de saúde em alerta. A vacina é uma das aliadas contra a doença para reduzir o número de infecções. E o país poderá em breve contar com mais um imunizante — além da vacina Qdenga, aprovada recentemente pela Anvisa e incorporada pelo Ministério da Saúde no SUS , e da Dengvaxia. Na última quarta-feira (31), o Instituto Butantan divulgou resultados positivos da nova vacina contra a doença desenvolvida pela entidade. Em um estudo de fase 3, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, o imunizante apresentou uma eficácia de 80,1% em crianças de 2 a 6 anos.
De forma geral, a vacina de dose única também evitou a doença em 79,6% dos vacinados ao longo de um período de dois anos, protegendo tanto quem já tinha tido dengue como aqueles sem infecção prévia. “Os dados de fase 3 são muito animadores. A publicação na NEJM , uma revista de prestígio, reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, destacou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. “Tudo isso só foi possível graças à colaboração generosa dos participantes que se voluntariaram para o estudo”, ele completou.
Os resultados do estudo da vacina foram divulgados em um momento que o Brasil vive uma explosão de casos de dengue. Só nas quatro primeiras de 2024, foram identificados 217.841 casos prováveis da dengue, com 15 mortes confirmadas e 149 sob investigação. Em 2023, foram registrados 1,6 milhão de casos prováveis até novembro, segundo o Ministério da Saúde.
O estudo
Ao longo de dois anos, os pesquisadores desenvolveram um trabalho para analisar a eficácia da vacina com voluntários de todo o Brasil, com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa. Segundo o instituto, durante esse período, foram notificados apenas alguns casos de dengue entre os participantes. O estudo, que iniciou o recrutamento em 2016, seguirá até que todos os voluntários completem cinco anos de acompanhamento. No trabalho, além das crianças de 2 a 6 anos, foram acompanhados as crianças e os jovens de 7 aos 17 anos e adultos de 18 a 59 anos, sendo que, nesses grupos, a vacina teve eficácia de 77,8% e 90% respectivamente.
Já em pessoas que já apresentavam anticorpos para a dengue antes do estudo, a proteção foi de 89,2%, enquanto naquelas que nunca tiveram contato com o vírus, a eficácia foi de 73,6%. Vale lembrar que a vacina do Butantan foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). No entanto, como no período do estudo circularam apenas os sorotipos 1 e 2 no Brasil, até o momento, foi possível descrever uma eficácia de 89,5% para DENV-1 e 69,6% para DENV-2.
Com relação à segurança, a maioria das reações adversas foi classificada como leve e moderada, incluindo dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. A entidade ainda destacou que os eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos vacinados, porém, todos os participantes se recuperaram totalmente.
O Instituto Butantan vem desenvolvendo a vacina contra a dengue desde 2009. Mas, por que será que o imunizante está levando tanto tempo para ser disponibilizado para a população? Em entrevista à CRESCER anteriormente , José Moreira, diretor médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan, explicou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras agências regulatórias exigem um prazo de 5 anos para avaliar a segurança e imunogenicidade dos imunizantes contra a dengue. "É para documentar tanto a eficácia da vacina em diferentes sazonalidades de dengue quanto o perfil de segurança a longo prazo do imunizante. As vacinas de dengue de primeira geração mostraram sinais de segurança apenas quando os participantes foram seguidos por longo prazo", diz o especialista. A previsão, assim, para o término do estudo é neste ano quando o último participante completar cinco anos de acompanhamento.
A dengue
A dengue Aedes Aegypti é transmitida através da picada do mosquito e pode apresentar tanto quadros leves, quanto mais graves . Estes, dependem de fatores como a sorologia do vírus, reinfecção e outras comorbidades, por exemplo, diabetes , asma brônquica, anemia e falciforme
Quais são os sintomas?
Como a dengue é uma doença infecciosa considerada endêmica, todos os anos presenciamos surtos em determinadas regiões no país. Seus sintomas principais são manchas pelo corpo, dor nas articulações, no corpo, na cabeça e no fundo dos olhos, além dos enjoos, febre alta e possíveis vômitos.
Caso o quadro evolua para a dengue hemorrágica, que é o grau mais grave da doença, a partir do terceiro dia o paciente passa a ter sangramentos de vasos na pele e em órgãos internos. Entre os sintomas, além dos tradicionais, incluem-se também confusão mental, dificuldade respiratória, sangramentos, pele pálida e fria, sede excessiva e queda da pressão arterial.
Como não existe um tratamento específico, temos que observar nosso corpo. Caso as dores e a febre evoluam, procure o serviço médico para fazer o exame comprobatório, que pode ser realizado após o quarto dia do início dos sintomas.