Entenda como funciona e em quanto tempo elas podem começar a ser aplicadas no mundo todo
Institutos de pesquisa e indústrias farmacêuticas do mundo todo estão na corrida para desenvolver vacinas e remédios contra o novo coronavírus (COVID-19). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já existem mais de 40 projetos em andamento, com destaques para a China e os Estados Unidos.
O primeiro protótipo chinês da vacina, realizado pela CanSino Biologics, em parceria com a Academia Militar de Ciências Médicas, está pronto para ser testado em seres humanos. E a busca por voluntários já começou: pessoas saudáveis, entre 18 e 60 anos, sem sintomas foram convocadas.
A técnica que formulou a imunização é considerada mais segura, porque contém antígenos específicos (substâncias que estimulam a produção de anticorpos), sem os patógenos enfraquecidos (agentes causadores das doenças), conforme explicou o Ministério da Defesa da China.
Já nos Estados Unidos, o projeto utiliza o método RNA-mensageiro - nunca aprovado antes para nenhuma vacina. Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde, em parceria com uma empresa de biotecnologia, ele já está na fase de testes.
No caso da vacina norte-americana, o efeito é auxiliar o sistema imune a precipitar a ação do vírus - ou seja, ajuda o corpo a agir antes que ele comece a se reproduzir e enfraquecer o organismo. A previsão para o término da fase de análise é de seis semanas.
Entretanto, não há muitas esperanças de que a vacina contra o novo coronavírus saia antes de 2021. Isso porque alguns fatores influenciam no prazo, como a fase de testes, a aprovação oficial, o tempo e a capacidade de produção. Tudo isso pode levar, pelo menos, 12 meses.
"As vacinas em andamento estão em seus estágios iniciais, por isso será um longo período (...) e o fato de existirem não significa que estejam disponíveis", alertou Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias, em coletiva à imprensa.
Vacina contra coronavírus no Brasil
O Brasil também está na luta contra o novo coronavírus, mas, diferente do resto do mundo, os pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo uma plataforma que é fundamentada no uso de partículas semelhantes ao vírus (conhecidas como VLPs - Virus Like Particles, em inglês).
Elas são facilmente reconhecidas pelo sistema imunológico, mas não possuem material genético do vírus, o que impossibilita sua replicação no organismo. E serão introduzidos junto com os antígenos, que estimulam a produção de anticorpos.
"[A vacina] é muito promissora e pode induzir uma resposta imunológica melhor do que as baseadas no RNA", disse à Agência FAPESP, Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador do projeto, apoiado pela FAPESP.
Desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a vacina brasileira é uma alternativa segura, contém componentes biológicos naturais, é facilmente degradada e em breve poderá ser testadas em animais.
"Neste momento, em que estamos lidando com um vírus pouco conhecido, por questões de segurança é preciso evitar inserir material genético no corpo humano para evitar eventos adversos, como multiplicação viral e possivelmente reversão genética da virulência", ressaltou Gustavo Cabral, pesquisador responsável.