Uma droga que pode prevenir á infecção pelo vírus da dengue mesmo que o mosquito pique á pessoa é uma das linhas do estudo que vem sendo desenvolvido pelo Instituto Novartis de Pesquisa em Doenças Tropicais, em Cingapura. De acordo com o diretor da Unidade da Dengue do instituto, Subhash Vasudevan, o trabalho permitirá a criação de uma vacina contra a doença.
Os testes da nova droga que tem por objetivo bloquear a replicação do vírus em animais (ratos) começam no fim do ano. O trabalho foi apresentado no 40° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em Aracaju. Descobertas como essas vão ser disponibilizadas na Tropinet, uma rede virtual que permitirá a cientistas de todo o mundo o acesso ao Instituto Novartis de Pesquisas em Doenças Tropicais, em Cingapura.
"A expectativa para o lançamento de uma vacina para a dengue, por exemplo, é de cinco anos. Com a Tropinet esse prazo pode ser reduzido em até quatro meses. Isso vai poupar muitas vidas que iriam morrer da doença", acredita Sálvio Girólamo, da Novartis. Segundo ele, a Tropinet será um laboratório virtual, permitindo o compartilhamento de experiências, podendo acelerar a descoberta de novas terapias.
As informações vão estar disponíveis em português, inglês e espanhol. Para acessar os dados, os pesquisadores não pagam nada: basta se cadastrar. Neste primeiro momento, a rede vai estar reunindo descobertas relativas ao desenvolvimento de vacinas e medicamentos para a prevenção da dengue. A próxima, doença a entrar na rede será a tuberculose.
O projeto é uma parceria da Novartis com a Fapesp, Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP, a Sociedade Brasileira, de Medicina Tropical e a ONG Médicos Sem Fronteiras. Para fazer parte da Tropinet, os pesquisadores devem preencher o cadastro no endereço www.tropinet.org.
Medicamento em até quatro anos
Segundo Subahsh Vasudevan, em quatro ou cinco anos seria possível ter uma vacina contra a dengue. Enquanto o imunizante não chega, as pesquisas para obter um agente quimioprofilático que possa reduzir a duração da fase aguda da dengue e, talvez assim, prevenir a dengue hemorrágica. "A meta é controlar o índice de viremia (quantidade de vírus no organismo) o mais cedo possível para que o vírus não sobrecarregue o sistema imunológico, deixando-o susceptível à dengue hemorrágica numa segunda infecção", explica o pesquisador.
Todos os anos, 14 milhões de pessoas morrem de infecções tratáveis e doenças parasitárias, o que corresponde a um quarto de todas as mortes no mundo. As doenças tropicais correspondem a 10% das doenças globais.
A dengue já é endêmica em mais de 100 países. Aproximadamente dois quintos da população correm o risco de contrair dengue. Juntas, dengue e tuberculose atingem mais de 200 milhões de pessoas no mundo a cada ano.
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O Dia (SP)