Vacina contra a dengue produzida pelo Butantan é feita em parceria com NIH, o Instituto Nacional de Saúde Americano, e a farmacêutica MSD
Anunciada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “100% nacional”, a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan é feita em parceria com instituto e farmacêutica dos Estados Unidos.
O anúncio do governo federal da fabricação em larga escala da primeira vacina contra a dengue “100% nacional” e em dose única foi realizado nessa terça-feira (25/2), no Palácio do Planalto. O evento contou com presenças do próprio presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Nísia Trindade, em um de seus últimos atos como ministra da Saúde.
No entanto, o Instituto Butantan admite no próprio site que o imunizante é feito “em parceria com o Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH) e a farmacêutica MSD”.
Procurado, o Ministério da Saúde confirmou à coluna que não se trata de um produto totalmente desenvolvido no Brasil. Segundo a pasta, o imunizante se baseia nos estudos de vírus vacinais do NIH e a MSD procurou o Butantan para “firmar uma parceria de compartilhamento de tecnologias e conhecimentos”. A vacina da instituição seria a primeira licenciada para testes clínicos.
“A vacina do Butantan é baseada nos estudos de vírus vacinais que foram realizados pelo Instituto Nacional de Saúde Americano (NIH), licenciados para diversas empresas, incluindo o Instituto Butantan. Desde 2010, o Butantan vem desenvolvendo a tecnologia para a vacina e conduziu os estudos clínicos posteriores”, afirmou a pasta, em nota.
“Além disso, devido ao fato da vacina do Butantan ter sido a primeira entre as licenciadas a avançar nos estudos clínicos, o Instituto foi procurado pela empresa multinacional MSD (Merck Sharp & Dohme Research GmbH) para firmar uma parceria de compartilhamento de tecnologias e conhecimentos, visto que a vacina da MSD ainda se encontra em fases anteriores”, prosseguiu.
O anúncio da da vacina contra a de ocorreu em meio à fritura de Nísia Trindade, que via o cargo na berlinda diante da pressão do Centrão, da falha nas entregas à frente da pasta e da falta de uma marca da gestão para o governo até ser demitida nessa terça-feira. O substituto dela é o ministro da Secretaria de Relações Institucionais e deputado federal licenciado, Alexandre Padilha (PT).
Doria também anunciou vacina “100% nacional”, mas admitiu equívoco
Em março de 2021, o então governador de São Paulo, João Doria, anunciou o desenvolvimento de uma vacina totalmente nacional contra a Covid – a ButanVac , que teve os testes interrompidos em agosto passado – também pelo Butantan.
O imunizante, porém, usava parte da tecnologia da Escola de Medicina Icahn do Instituto Mount Sinai, nos Estados Unidos. A descoberta desse fato, só depois admitido por Doria, gerou críticas ao político e empresário.
Produção de de vacina contra a de
Segundo o governo, a produção da da vacina contra a de ocorrerá por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL), do Ministério da Saúde, que integra o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. A promessa é dar autonomia ao Sistema Único de Saúde (SUS) e fabricar 60 milhões de doses de de vacina contra a de por ano a partir de 2026.
A expansão na produção da da vacina contra a de deve vir acompanhada do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC). O investimento divulgado é de R$ 1,26 bilhão.
Essa ssa vacina contra a de é a primeira a ser desenvolvida para aplicação em dose única. Conforme os testes do Butantan, a faixa etária será de 2 a 59 anos. O instituto aguarda o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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