Uma vacina brasileira é uma das melhores candidatas para ser usada em campanhas anuais de vacinação contra a Covid-19. Essas imunizações serão implementadas para crianças e grupos prioritários no Brasil a partir de 2024. E neste contexto, a SpiNTec, desenvolvida com o apoio da FAPESP, é defendida como a melhor (ou uma das melhores) opções para promover a vacinação dos brasileiros.
Leia mais
MAIS EFICAZ CONTRA VARIANTES DA COVID-19
- A vacina brasileira tem o potencial de conferir uma resposta imunológica mais duradoura e ser mais eficaz contra as variantes do SARS-CoV-2 do que as vacinas atualmente disponíveis no país.
- Os imunizantes em uso no país são baseados na tecnologia de mRNA e oferecem uma proteção de longo prazo limitada.
- Isso significa que eles precisam ser continuamente atualizados devido ao surgimento de novas variantes.
- Outro diferencial da SpiNTec é sua alta estabilidade, o que permite que seja armazenada a 4°C por até 12 meses e à temperatura ambiente por três semanas, facilitando a distribuição em regiões distantes.
- As informações são da Agência FAPESP.
SPINTEC
Os pesquisadores à frente do desenvolvimento da SpiNTec projetaram a vacina de forma a induzir uma resposta das células de defesa conhecidas como linfócitos-T, capazes de reconhecer e combater várias partes da molécula do vírus, não se limitando apenas a um de seus segmentos, como acontece com as vacinas atuais, que visam a proteína spike.
ESTAMOS APOSTANDO NA POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA VACINA PAN, OU SEJA, QUE SEJA EFICAZ CONTRA TODOS OS TIPOS DE VARIANTES DO CORONAVÍRUS. A VACINA JÁ TEM SIDO TESTADA CONTRA VARIANTES EM CIRCULAÇÃO NO BRASIL, EM MODELO EXPERIMENTAL, E CONSTATAMOS QUE CONFERIU BOA PROTEÇÃO. AGORA, VAMOS TESTAR A FORMULAÇÃO CONTRA ESSA ÚLTIMA VARIANTE.
Ricardo Gazzinelli, líder da equipe responsável pelo desenvolvimento da vacina
Atualmente, a SpiNTec encontra-se na segunda fase de estudos clínicos, iniciada no mês passado. Nessa etapa, 350 voluntários receberão uma dose da vacina e serão acompanhados por um ano. Os níveis de anticorpos e a resposta dos linfócitos T dos voluntários serão comparados com os de um grupo igual de participantes que receberão uma dose de reforço de uma vacina já em uso no Brasil.
O objetivo dessa fase é investigar se a SpiNTec não produz uma resposta imunológica inferior em comparação com a vacina de referência. Se os resultados forem positivos, a vacina avançará para a terceira e última fase de avaliação em seres humanos, que envolverá a aplicação da vacina em 5.000 pessoas.
Um dos desafios nessa etapa final dos testes em seres humanos é a necessidade de dispor no Brasil de uma estrutura industrial que atenda às normas de boas práticas de fabricação para a produção da vacina.
Além do apoio da Finep, o projeto de desenvolvimento da vacina, elaborado pelo CTVacinas em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz Minas), recebeu investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para as etapas de ensaios pré-clínicos e clínicos das fases 1 e 2.
O trabalho também contou com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), da Prefeitura de Belo Horizonte e de emendas parlamentares de deputados de Minas Gerais.