A vacina SpiNTec, desenvolvida totalmente no Brasil, pode se tornar uma alternativa para as campanhas de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, a partir de 2024.
Caso cumpra as etapas de desenvolvimento, o imunizante pode ser utilizada nas campanhas do país.
A vacina brasileira pode estabelecer maior duração da resposta imune e ter um melhor efetivo do que as vacinas disponíveis no Brasil contra variantes do SARS-CoV-2 atualmente. A constatação foi realizada pelo coordenador do Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Geiras (UFMG), Ricardo Gazzinelli.
“Estamos na corrida para que a SpiNTec seja a vacina que será ofertada anualmente nas campanhas de vacinação no Brasil. Não custa sonharmos”, afirmou Gazzinelli à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, a proteção a longo prazo proporcionada pelas vacinas contra a COVID-19 em uso, baseadas na tecnologia de mRNA, ainda é pouca. Os imunizantes ainda necessitam ser constantemente atualizados por conta do surgimento de novas variantes, o que pode ser considerado um problema para as vacinas candidatas a serem usadas nas campanhas anuais de vacinação.
“A vacina já tem sido testada contra variantes em circulação no Brasil, em modelo experimental, e constatamos que conferiu boa proteção. Agora, vamos testar a formulação contra essa última variante”, explicou Ricardo.
Outro diferencial da vacina, que também pode ser considerado útil para as campanhas nacionais de vacinação, é a alta estabilidade, o que possibilita que seja mantida a 4° C por 12 meses e em temperatura ambiente por três semanas. A possibilidade é a facilidade na distribuição para lugares longínquos.
A SpiNTecn atualmente está na segunda fase de estudos clínicos. Na atual etapa, iniciada em outubro, 350 voluntários receberão uma dose da vacina e serão acompanhados por um período de um ano. Os níveis de anticorpos e a resposta dos linfócitos T dos voluntários serão comparados com os de um número igual de participantes tratados com uma aplicação de reforço de uma vacina já em uso no Brasil.
Nessa fase, o intuito é investigar se o composto não induz resposta imune inferior à do imunizante com o qual será comparado.Se os resultados forem positivos, o imunizante segue para a terceira e última etapa de avaliação em seres humanos, na qual deverá ser aplicado em 5 mil pessoas.
“Já temos recursos da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] para realizar a fase 3”, disse Gazzinelli.
A etapa final de testes em humanos da vacina consiste em estabelecer, no Brasil, uma estrutura industrial que cumpra e siga as normas de boas práticas de fabricação para produzir o imunizante.
“Estamos olhando algumas empresas e pensando até mesmo em construir um laboratório para produzir o lote de vacinas que será usado na fase 3”, afirmou Gazzinelli.