O Instituto Butantan, em São Paulo, está prestes a realizar um feito histórico no campo da imunização brasileira. Quatorze anos após o início dos estudos para a criação de uma vacina nacional contra a dengue, o imunizante desenvolvido pela instituição está próximo de ser incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
No dia 16 de dezembro, o Instituto Butantan enviou para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a última leva de documentos necessários para o registro da vacina. Segundo o diretor de Assuntos Regulatórios e Qualidade do Butantan, Gustavo Mendes, faltam apenas algumas etapas para que o imunizante chegue aos postos de saúde do país. A expectativa é que isso ocorra ainda este ano.
O primeiro passo é a aprovação do registro pela Anvisa, que conta com uma análise técnica por especialistas. O processo de avaliação, embora não tenha um prazo específico, tem sido otimizado devido à submissão contínua de documentos pelo Butantan desde abril deste ano. O instituto já apresentou uma quantidade significativa de informações à agência, acelerando o processo de análise.
Após a aprovação do registro, o próximo passo é a definição do valor da vacina em parceria com a Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED). Esse processo costuma durar até 90 dias e é obrigatório, mesmo que a vacina seja disponibilizada gratuitamente no SUS.
Por fim, a vacina precisa passar pela avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) para ser distribuída nos postos de saúde do Brasil. O diretor Gustavo Mendes estima que sejam produzidas 100 milhões de doses da vacina em três anos, sendo que a expectativa é incorporar 1 milhão de doses ainda em 2025.
A vacina produzida pelo Instituto Butantan protege contra os quatro tipos de dengue e é aplicada em dose única. Com eficácia comprovada de 89% contra casos graves e 79,6% contra casos sintomáticos, o imunizante é uma esperança para reduzir os casos da doença no país. No entanto, é importante ressaltar que a vacinação em larga escala e a adesão da população são fundamentais para combater um possível surto da dengue em 2025, após o recorde de casos registrados em 2024.
Em meio à expectativa da chegada da vacina ao SUS, é crucial manter os cuidados e ações preventivas contra a dengue, como a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti e o uso de repelentes. A vacina do Instituto Butantan representa um avanço significativo no combate à doença, mas é necessário um esforço conjunto para garantir a eficácia da imunização e a proteção da população contra a dengue.