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USP usará R$ 50 mi para financiamento da própria pesquisa

Publicado em 20 outubro 2010

Hoje dependente de agências externas de fomento, a Universidade de São Paulo lança na semana que vem um programa próprio para financiar suas pesquisas. A intenção é aumentar o impacto de seus trabalhos científicos.

A USP ajudará financeiramente até 31 dos seus grupos ou centros de pesquisa, segundo o edital já aprovado.

Os pesquisadores receberão cerca de R$ 50 milhões no total - a Fapesp, uma das principais financiadoras dos pesquisadores da instituição, destinou R$ 310 milhões à universidade ano passado.

A USP pretende incentivar duas frentes: grupos que trabalham com temas pouco apoiados pelas agências de fomento; grupos de diferentes áreas, já consolidados, que decidam pesquisar um mesmo tema.

"Mesmo que quase 90% do nosso orçamento seja gasto em folha de pagamento, a USP precisa ter uma margem de recursos para incentivar pesquisas que ela mesma entenda como relevantes. Isso não vem acontecendo", disse o reitor João Grandino Rodas.

Em relação a investigações que podem ser integradas, o pró-reitor de pesquisa, Marco Antonio Zago, citou como exemplo o câncer.

"A USP tem grupos de excelente nível pesquisando o tema, nas ciências básicas, na bioquímica, na genética, na clínica. Mas os trabalhos não são coordenados. Queremos um programa para câncer, outro para bioenergia."

Sobre temas ainda pouco apoiados e que precisam de mais pesquisas, Zago citou como exemplo novas práticas educacionais, que usam tecnologia ou internet.

A princípio, o programa de financiamento terá uma edição, que vai se estender de 2011 a 2013, mas poderão haver novas chamadas. O edital será lançado no dia 26.

Com o projeto de fomento, a universidade quer iniciar uma reorganização de sua produção científica. Um texto da universidade que apresenta o programa afirma: "A USP é a mais produtiva universidade do país, mas continua distante dos primeiros postos consoante aos padrões internacionais. O crescimento de seu corpo de pesquisadores, a extrema fragmentação de seus grupos de pesquisa, a ênfase no volume de publicações e as ligações frágeis com o setor produtivo não contribuem para aumentar o impacto de sua produção científica".

No último ranking Times Higher Education, por exemplo, a USP ficou fora da lista das 200 melhores universidades do mundo.

Para o ex-reitor da USP Roberto Lobo, o programa está bem montado. O principal cuidado, diz o presidente do Instituto Lobo, deve ser a escolha dos beneficiados. "O risco de promover financiamento próprio é transformá-lo em ação entre amigos."

Segundo o edital, na seleção haverá parecer de assessoria externa e julgamento de um comitê "ad hoc".

Na opinião de Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de Física da USP de São Carlos e pesquisador do Instituto Lobo, o projeto é bem feito, mas o montante destinado aos grupos "é muito pequeno".

(Folha de S.Paulo)