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USP, Unesp e Unicamp formam 25% menos mestres e doutores na pandemia (14 notícias)

Publicado em 02 de março de 2022

Por Isabela Palhares

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O número de titulações de mestrado e doutorado nas três universidades estaduais paulistas caiu 25% durante a pandemia.

Juntas, em 2021, as instituições formaram 5.600 mestres e 3.623 doutores, num total de 9.223 titulações, o menor número dos últimos dez anos -em 2011, foram 9.925.

USP, Unicamp e Unesp são responsáveis por formar quase um terço dos mestres e doutores do Brasil. Ainda que não haja números nacionais disponíveis sobre o total de concluintes nas demais instituições de ensino nos últimos dois anos, a queda nas três universidades mais representativas acende alerta para uma possível retração em todo o país.

Segundo as pró-reitorias de pós-graduação, a queda se explica em parte pela extensão de prazos para a defesa das teses durante a pandemia. Mas também é reflexo da redução de financiamento para a ciência no país nos últimos anos.

O total de mestres formados pelas três universidades paulistas, em 2021, foi 25,4% menor que o registrado em 2019, antes da pandemia, quando foram 7.505 titulações. O total de novos doutores caiu 24% neste período - em 2019, elas registraram 4.721 títulos nessa etapa.

"O andamento das pesquisas sofreu um impacto muito significativo com a pandemia e o isolamento. Apesar do esforço para continuar com as aulas e as bancas de qualificação no sistema remoto, algumas etapas, como as investigações em campo, uso de laboratório, tiveram que ser paralisadas", diz Marcio de Castro Silva Filho, pró-reitor pro tempore de Pós-Graduação da USP.

Doutorando da Escola de Enfermagem da USP, Dionasson Marques precisou pedir prorrogação de seis meses para concluir sua tese, já que a pandemia o forçou a mudar a metodologia de pesquisa. Ele coletava dados em unidades de saúde sobre o uso de álcool por mulheres e, com o isolamento, a abordagem presencial teve que ser substituída pelo telefone.

"A prorrogação foi essencial, porque tive que mudar a metodologia. Foi um período muito difícil. Eu ainda quero seguir para o pós-doutorado, mas o contexto da ciência no país é muito desanimador. Quero continuar pela minha formação, mas sinto que não há valorização", diz.