SÃO PAULO – Para uma pessoa sem limitações físicas, levar alimentos ou um copo d’água à boca pode ser uma tarefa banal. Mas, para quem não possui os movimentos dos braços, essa ação aparentemente simples implica uma mudança radical de vida, que pode ser traduzida em mais independência, entre outros benefícios.
Para possibilitar que, no futuro, pessoas com deficiências motoras possam ter ou recuperar habilidades como essa, pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram o projeto de pesquisa “Estudo do controle do membro superior fase 1 – desenvolvimento de um exoesqueleto robótico biomimético”. Financiado pela FAPESP, o projeto visa a estudar o controle motor do braço por meio de um dispositivo robótico que simula as funções do membro humano.
A partir da compreensão do controle motor de movimentos como ingerir alimentos, os cientistas pretendem desenvolver um exoesqueleto robótico – uma prótese com tecnologias robóticas – capaz de amplificar o movimento de pacientes que apresentam alguma contração muscular, mas que não conseguem fazer movimentos com o braço. Ou impor movimentos predefinidos a pessoas que não tenham nenhuma capacidade de contração muscular.
“O objetivo é desenvolver um exoesqueleto para aplicar movimentos similares ao de um braço humano em uma órtese”, disse o coordenador do projeto, Arturo Forner Cordero, do Laboratório de Biomecatrônica do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos da Poli, à Agência FAPESP. Órtese é um dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuromusculoesquelético.
Para testar o conceito, o grupo desenvolveu um protótipo de um exoesqueleto robótico de braço, capaz de aplicar força sobre o cotovelo. Nos próximos meses, pretendem produzir outro exoesqueleto que também seja capaz de aplicar movimentos sobre o ombro e pulso, para estudar o controle motor do braço.
Ao integrar o dispositivo a um sistema de eletromiografia (EMG) e outro de representação visual, os pesquisadores esperam obter informações sobre diferentes níveis de controle do sistema motor humano, como a modulação de reflexos e a integração de informações sensoriais. Esperam também, por meio de parcerias com centros de medicina e associações que lidam com a aplicação de órteses em deficientes físicos, desenvolver próteses capazes de reproduzir os movimentos do braço humano.
“Hoje, o comportamento de um braço robótico é muito diferente de um braço humano. Nossa ideia é desenvolver próteses, alimentadas por baterias elétricas, que mimetizem o mais próximo possível os movimentos e as funções do braço humano”, explicou Cordero.
Fonte: Agência FAPESP