Um supercomputador capaz de fazer um trilhão de cálculos por segundo ajudará pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto a desenvolver um estudo que pretende desvendar o processo de infecção do vírus da dengue. Entender o mecanismo pode ajudar a desenvolver substâncias que impeçam a ligação do vírus com células humanas.
O grupo que conduz a pesquisa, liderada pelo professor Léo Degrève, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, procura um modo de inibir a ação da proteína E, que tem um papel fundamental na conexão do vírus à membrana celular de pessoas contaminadas pela doença.
"O vírus da dengue apenas se liga a alguns tipos de célula, como dendritos e macrócitos. Um antiviral poderia inibir a capacidade da proteína E de fazer essa ligação" afirma o biólogo Etore Aguiar Moreira, do Centro de Pesquisa em Virulência do HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão.
O computador, produzido pela empresa americana Silicon Graphics International, vai ajudar os especialistas que desenvolvem o estudo em Ribeirão a conhecer detalhes da estrutura tridimensional e detalhes atômicos dessa proteína.
Apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o projeto, que recebeu verba de cerca de R$ 600 mil, propõe a criação de um portal na internet, que terá o objetivo de integrar ações de vários grupos de pesquisa brasileiros.
Possibilidade
O vírus do dengue é um dos 68 flavivírus da família dos flaviviridae, que podem causar febres hemorrágicas e encefalites que chegam a ser, letais para o ser humano. Em Ribeirão, mais 29,5 mil pessoas foram infectadas pelo mosquito Aedes aegypti neste ano, a maior epidemia da história do município.
Para o médico da Vigilância Epidemiológica de Ribeirão, Cláudio de Paulo, pesquisas a respeito dos quatro tipos de vírus da dengue são importantes para a saúde pública.
"Os estudos são muito válidos, mas infelizmente ainda não temos resultados concretos. O controle da dengue hoje ainda está nas pessoas" afirma.