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USP lidera desenvolvimento de vacina pioneira contra malária vivax no Brasil (78 notícias)

Publicado em 25 de novembro de 2024

Imunizante Vivaxin, inteiramente produzido no país, está em fase de patente e deve iniciar testes clínicos em 2024.

A Universidade de São Paulo (USP) está na vanguarda de uma iniciativa que pode revolucionar o controle da malária vivax, uma das principais doenças infecciosas nas Américas. A vacina brasileira, denominada Vivaxin, foi totalmente desenvolvida no país e está em fase de patente. Segundo a equipe responsável, o pedido para iniciar os testes em humanos deve ser protocolado até janeiro de 2024 em agências reguladoras.

Atualmente, não existe uma vacina eficaz contra a malária vivax, que representa cerca de 80% dos casos registrados no Brasil. A Vivaxin foi apresentada ao público em setembro, durante o 2º Congresso de Inovação e Sustentabilidade do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), pelos pesquisadores do CT-Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que colaboram com a USP no desenvolvimento do projeto.

— Temos um produto inédito no mundo e inteiramente produzido no Brasil. Meu objetivo desde o início da pesquisa, há mais de dez anos, foi conseguir uma vacina. Agora estamos na etapa final para autorização dos estudos clínicos — diz à Agência FAPESP a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) Irene Soares.

Soares é coordenadora do trabalho juntamente com o professor Ricardo Gazzinelli, diretor do Centro de Tecnologia de Vacinas (CT-Vacinas) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas (INCT-Vacinas).

Em artigo publicado há alguns meses, os pesquisadores demonstraram que o imunizante foi capaz de induzir níveis altos de anticorpos em camundongos e coelhos, mostrando-se seguro e bem tolerado. A formulação apresentada combina em uma única molécula três diferentes formas genéticas, as chamadas variantes alélicas, de uma proteína do Plasmodium vivax, a PvCSP (proteína circunsporozoíta), com o objetivo de aumentar a eficácia e proteger contra todas as variações.

No estudo, os anticorpos produzidos pelos camundongos imunizados reconheceram as três variantes da doença, conseguindo, em alguns casos, prevenir completamente a infecção (proteção estéril) e, em outros, retardar o aparecimento dos parasitas no sangue.

Os sintomas da malária vivax incluem febre intermitente, calafrios, suor intenso, fadiga, dores musculares e, em alguns casos, náuseas e vômitos. Uma característica única do P. vivax é a formação de hipnozoítos, formas dormentes do parasita que permanecem no fígado e podem causar recaídas meses ou até anos após a infecção inicial.

A doença é mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, como Ásia, América Latina e Oceania, mas é menos comum na África Subsaariana devido à resistência genética de grande parte da população local. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil registrou 117.946 casos da doença, sendo que 80% deles (95.113) foram provocados pelo Plasmodium vivax, segundo o Ministério da Saúde.

A prevenção da malária vivax, até então, inclui o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida, repelentes, roupas protetoras e controle de criadouros de mosquitos. Em áreas endêmicas, pode ser indicada profilaxia com medicamentos antimaláricos para viajantes.