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USP inaugura pioneiro posto de hidrogênio a partir de etanol (4 notícias)

Publicado em 09 de dezembro de 2024

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Dinamicarg (Argentina) El Diario (Bolívia) online Diário do Transporte

Combustível sustentável abastecerá ônibus urbanos e rodoviários, reforçando a transição energética e a inovação brasileira

O campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP) será o cenário da primeira estação de abastecimento do mundo a produzir hidrogênio renovável a partir do etanol. O projeto, uma iniciativa do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), em parceria com a FAPESP e Shell Brasil, representa um marco para a transição energética e será utilizado para abastecer três ônibus urbanos e um rodoviário.

O anúncio foi feito pelo reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, durante a abertura da Conferência de Pesquisa e Inovação em Transição Energética (ETRI) 2024. Segundo ele, a estação começará a operar nas próximas semanas. "Teremos hidrogênio produzido a partir de etanol aqui na nossa universidade, demonstrando o potencial brasileiro de inovar na transição energética", destacou Carlotti.

A planta-piloto é equipada com tecnologia desenvolvida pela startup Hytron, adquirida pelo Grupo NEA, e utiliza um reformador para converter etanol em hidrogênio e monóxido de carbono biogênico. Esse processo é alimentado por etanol fornecido pela Raízen e busca eficiência operacional com simulações computacionais realizadas pelo Senai CETIQT.

Como funciona o processo

A estação produz inicialmente 4,5 kg de hidrogênio por hora, suficiente para abastecer os veículos de teste. No interior do reformador, o etanol e a água são aquecidos a 750°C, resultando na quebra das moléculas e na geração de hidrogênio puro com índice de pureza de 99,999%. Após a purificação, o gás é comprimido em reservatórios para abastecimento.

Julio Meneghini, diretor do RCGI, explicou que o processo utiliza subprodutos como metano e monóxido de carbono para manter a temperatura, tornando o sistema mais eficiente. Com apenas 7 litros de etanol, é possível produzir 1 kg de hidrogênio, suficiente para alimentar o automóvel Mirai, cedido pela Toyota, ou garantir 120 km de autonomia por kg nos ônibus.

Impacto ambiental e eficiência energética A substituição de veículos movidos a diesel pelos modelos a hidrogênio apresenta um potencial significativo de redução de emissões. Estudos indicam que, se os 18 ônibus que circulam atualmente pelo campus fossem convertidos para hidrogênio, a USP deixaria de emitir cerca de 3 mil toneladas de CO₂ anualmente.

Apesar disso, desafios permanecem, como a operação contínua da planta. Segundo Meneghini, desligar e ligar a estação reduz sua eficiência. Para maximizar o desempenho, será necessário encontrar aplicações para o hidrogênio excedente ou utilizar métodos alternativos, como a queima controlada.

Redação com informações do Ciclo Vivo