Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos (SP), realizaram uma experiência inédita nesta terça-feira (22). Pela primeira vez na América Latina, um carro sem motorista e que também não é movido a controle remoto saiu pelas ruas em uma demonstração pública. O projeto ‘Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma’ (Carina) surpreendeu os moradores.
“Bem moderno! A tecnologia está avançada, quando a gente pensa que já viu tudo, vem um carro dirigindo sozinho. Eu achei um máximo”, disse a vendedora Isabel de Castro Alves.
O veículo inteligente foi adaptado por professores e alunos do laboratório de robótica da USP, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sistemas Embarcados Críticos (INCT-SEC). No lugar do motorista há dois computadores que trabalham em conjunto com oito câmeras, GPS e dois sensores a laser, que fazem uma leitura do trajeto para identificar obstáculos a uma distância de 100 metros. Quando outro veículo ou pedestre cruza o caminho, o sistema aciona o freio automaticamente.
“Ele detecta cada obstáculo que tiver em volta do veículo. Ele consegue dizer se tem uma pessoa ao lado do carro, ou se está à frente, ou se tem outro carro”, explicou o pesquisador Patrick Shinzato.
O Carina passeou pelas ruas da cidade, a 40 quilômetros por hora, escoltado por agentes de trânsito. A velocidade e o trajeto foram definidos em um computador. Na primeira volta fora do laboratório o veículo obedeceu aos comandos e fez todas as manobras.
Avaliado em mais de R$ 300 mil, o carro, que tem inteligência artificial e usa tecnologia 100% nacional, ainda está em fase de testes. Segundo o pesquisador Denis Wolf, o projeto pode trazer vários benefícios. “Sabemos que o maior motivo dos acidentes rodoviários é falha humana. A gente acredita que em pouco tempo o carro vai dirigir muito melhor que uma pessoa”, afirmou o pesquisador.
Em testes feitos dentro do campus da USP nos últimos dois meses, o Carina rodou mais de 150 quilômetros de forma totalmente autônoma. O carro robô, entretanto, ainda precisa de ajustes. “Ele tem que identificar pessoas que estão paradas na faixa de pedestres, parar e dar prioridade a elas. Ainda tem muito trabalho antes desse projeto ser encerrado”, declarou Wolf.
A expectativa dos pesquisadores é que o carro esteja pronto para ser usado pela população em até cinco anos, com objetivo de diminuir o número de acidentes em ruas e rodovias, além de colaborar com idosos e pessoas com deficiência física. O projeto ainda pretende contribuir com a automatização agrícola e do transporte de carga.
Fonte: G1