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USP em Ribeirão cria laboratório para gerar camundongos transgênicos (1 notícias)

Publicado em 21 de novembro de 2017

Por Redação

Laboratório recém inaugurado no campus da USP em Ribeirão Preto usa a técnica Crispr-Cas9 para gerar camundongos transgênicos para pesquisas científicas. O novo serviço colocará à disposição da comunidade científica local a mais avançada plataforma capaz de editar com precisão genes em qualquer célula viva.

Trata-se do método Crispr-Cas9, sigla que significa Conjunto de Repetições Palindrômicas Regularmente Espaçadas. Funciona como uma “máquina molecular” que é inserida em células de embriões em fase inicial, por meio de injeções de DNA.

A técnica é inspirada no “complexo Crispr” que atua como sistema imunológico de bactérias. Através dele, a proteína Cas9 – que integra o Crispr – é capaz de fazer buscas no DNA de vírus invasores dessas bactérias, por exemplo, e identificar trechos de material genético para posterior ataque.

Nas células dos embriões de camundongos em fase inicial, a plataforma da USP possibilita aos cientistas identificar e modificar o gene ou os genes que interessam a experimentos específicos, criando o animal com características ideais.

O laboratório funcionará ligado à Prefeitura do Campus e à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e beneficiará pesquisas desenvolvidas pelo principal patrocinador do laboratório, o Centro de Pesquisas em Doenças Inflamatórias (Crid), um dos centros de pesquisa, inovação e difusão financiados pela Fapesp no campus da USP em Ribeirão Preto, e por toda a comunidade científica local.

Gestão facility para serviço de nível internacional

A geração dos camundongos será feita no modelo de facility. “É um modelo de laboratório aberto à comunidade, porém quem solicita deve arcar com os custos. Esses custos são transferidos ao laboratório, que direciona o dinheiro para ser investido novamente no projeto. Teremos inclusive uma agenda on-line. O modelo ainda está em implantação”, diz o coordenador do laboratório e pesquisador principal do CRID Thiago Mattar Cunha.

Segundo Cunha, essa iniciativa é fundamental não apenas para as pesquisas desenvolvidas pelo Crid, mas para toda a comunidade científica do campus já que “a importação de camundongos transgênicos não é tão simples no Brasil”.

Além disso, continua o pesquisador, “vamos poder gerar nossos próprios camundongos deficientes para proteínas que o Crid descobriu no âmbito das doenças inflamatórias. Isso vai ser um projeto bem importante já que o laboratório vai atender a toda a comunidade científica”.

Lembra ainda que o impacto da iniciativa nas pesquisas ultrapassa essas facilidades e confere maior visibilidade internacional ao Crid e à própria Universidade. “Possuir uma plataforma, uma facility como essa, atrai colaboradores. A gente ganha em vários aspectos. Mesmo em universidades muito boas você não tem um laboratório como esse, que englobe todos os passos, desde gerar o embrião, fazer a injeção pró-nuclear e gerar o camundongo. Poucas universidades fazem isso”.

Por Thais Cardoso e Rita Stella