Notícia

Gazeta Mercantil

USP e desenvolvimento tecnológico

Publicado em 27 junho 2006

Estímulo a cooperação está em pleno andamento na instituição acadêmica. A transformação do conhecimento em riquezas é tema recorrente na agenda dos diferentes segmentos da atividade econômica empenhados em promover um sistema nacional de inovação tecnológica. Essa abordagem tem alcance estratégico especial para o Estado de São Paulo, que reúne, hoje, o maior e mais vigoroso complexo empresarial, a mais extensa rede de instituições de pesquisa, as mais dinâmicas e produtivas universidades e a mais densa comunidade científica e tecnológica do País. O estímulo ao desenvolvimento da cooperação entre essas instituições está em plena expansão na USP, em especial no que diz respeito aos processos de parceria com os setores empresariais. Um importante exemplo de desenvolvimento de empresas a partir da ciência produzida na USP está localizado no campus de São Carlos, no qual se originaram — apenas no Centro de Ótica e Fotônica do Instituto de Física há nove importantes empresas com forte participação no mercado de exportação que empregam mais de 700 funcionários e contribuem com mais de R$ 21 milhões anuais de impostos. Além de atuar em oito Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), que desenvolvem pesquisas na fronteira do conhecimento, criam mecanismos de transferência de conhecimentos para a sociedade e estimulam a formação de empresas, a USP é responsável por cerca de 40% do total de projetos desenvolvidos no programa de inovação tecnológica da Fapesp. Atuamos ainda, em todos os nossos campi, em pesquisas em áreas de fronteira como a biotecnologia, a nanotecnologia e as tecnologias da informação e comunicação, com grande potencial de contribuir para a inovação industrial. Há também uma crescente oferta de conhecimento na forma de patentes geradas por nossos pesquisadores. A propriedade intelectual originada da ciência produzida nos laboratórios da USP é um importante vetor de transferência de resultados da pesquisa acadêmica para a sociedade. Além de significar uma fonte alternativa de recursos, o registro dessas patentes e o licenciamento de tecnologias são parte da missão de difundir conhecimento, colocando ao alcance da coletividade as novas tecnologias desenvolvidas no ambiente da universidade. A Agência USP de Inovação, incumbida da promoção da cooperação para o desenvolvimento econômico e social, administra hoje um total de 361 patentes registradas no País e no exterior. Além disso, 41 novos pedidos já estão em processo de registro. Atuamos também junto às incubadoras de empresas, outro importante vetor de transferência de conhecimento para o desenvolvimento, nas quais a participação dos nossos pesquisadores e a utilização de nossos laboratórios de pesquisa estão sendo ampliadas para contribuir efetivamente para o fortalecimento de empresas nascentes. Com esse objetivo a USP atua no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), em parceria com o Ipen, o IPT, o Sebrae, a SCTDE e o MCT. São cerca de 110 empresas de base tecnológica em pleno desenvolvimento. Esse conjunto de empresas é, atualmente, responsável por um faturamento superior a R$ 30 milhões por ano. Estamos atuando também no desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica nos campi de Ribeirão Preto, Piracicaba e Pirassununga, contribuindo para a difusão científica e tecnológica e para a criação de emprego e renda nessas regiões. Outra iniciativa fundamental da Agência USP de Inovação foi o recente acordo de cooperação com o Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp) visando desenvolver, juntamente com o IPT, um importante projeto piloto de prospecção da demanda tecnológica nas indústrias localizadas na região de São Carlos e Araraquara. Cada um desses municípios sedia mais de 100 empresas responsáveis por cerca de 70% dos seus respectivos PIB industrial, todas interessadas em estabelecer parcerias com instituições públicas de pesquisa em busca do aprimoramento de seus produtos e de inovações que possam contribuir para o aumento da competitividade nos mercados nacional e internacional. Nossas equipes já identificaram um importante conjunto de potenciais projetos de inovação que estavam nas gavetas dessas empresas, os quais poderão agora ser desenvolvidos mediante a colaboração com nossos pesquisadores, a utilização dos nossos laboratórios e o apoio das agências de fomento. Além disso, o atual Programa Paulista de Parques Tecnológicos lançado pelo governo de São Paulo, no âmbito da FAPESP, possui enorme potencial para estimular a atração e a criação de empresas de base tecnológica em parceria com as universidades paulistas. A USP está engajada nesse programa, atuando proativamente nos projetos em desenvolvimento em São Carlos, Ribeirão Preto e na Capital. É, assim, evidente nosso compromisso em cooperar para a implementação de políticas, programas e ações indutoras que possam auxiliar o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do País e congregar os diversos atores em torno do objetivo estratégico de apoiar a inovação e potencializar uma ampla agenda de cooperação entre universidades, instituições de pesquisa e empresas. O momento é propício para a ampliação dessas parcerias. (Suely Vilela - Reitora da Universidade de São Paulo (USP))