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USP desenvolve técnica para tornar produção de plásticos mais sustentável (14 notícias)

Publicado em 16 de fevereiro de 2020

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram técnica inédita, que possibilita a construção de moléculas de carbono de interesse industrial por meio do aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar.

Essa obtenção em larga escala do carbono através de energia renovável visa à produção de cosméticos, plásticos, medicamentos e diversos outros produtos com menor custo e menos danos ambientais.

O trabalho teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi coordenado por Antonio Burtoloso, do Instituto de Química da USP de São Carlos. Parte dos resultados foi divulgada na revista Green Chemistry.

Burtoloso explica que, apesar de o petróleo também ser proveniente de uma fonte natural (fóssil), ele não é renovável. Já a cana-de-açúcar é plantada em abundância no Brasil e o bagaço tem enorme potencial de reaproveitamento.

A tecnologia resultou em um composto que possui 10 átomos de carbono e apresenta potencial para ser usado principalmente na fabricação de plásticos.

Isso foi possível graças à junção de duas moléculas da valerolactona - líquido incolor obtido a partir do bagaço da cana. Cada molécula da substância possui cinco átomos de carbono. O procedimento para a criação do carbono leva apenas um dia.

De acordo com estudo divulgado em 2017 pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Brasil gerou 166 milhões de t de bagaço na safra 2015/16. Parte da produção acaba sendo descartada e é neste espaço que o grupo da USP pretende atuar.

“Não precisamos plantar cana-de-açúcar exclusivamente para colher o bagaço. A ideia é aproveitar a parte do resíduo que acaba virando lixo como insumo para a nossa técnica”, diz Burtoloso.

De acordo com o docente, a tecnologia desenvolvida na USP apresenta grande potencial de escalabilidade na indústria, hoje bem mais direcionada ao desenvolvimento de compostos sustentáveis do que em décadas passadas, até porque o mercado para produtos sustentáveis também vem crescendo.

Vários países, inclusive, estipularam como meta para daqui a alguns anos a substituição de 20% a 30% do carbono proveniente do petróleo por fontes consideradas “verdes”.