Equipamento em forma de caneta se ajusta à mão do usuário e diminui o impacto negativo em músculos e tendões
Um novo modelo de mouse, no formato de uma caneta, foi desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto para diminuir os impactos físicos causados pelo equipamento convencional, como dores nas mãos, nos braços e no pescoço, provocadas por movimentos repetitivos e intensos. A manipulação da invenção é semelhante à usada na escrita. Dez protótipos serão analisados, a partir de fevereiro, em pessoas sem e com Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort) ou Lesão por Esforço Repetitivo (LER), principais causas de afastamento do trabalho no mundo. Apenas no Brasil, são mais de 500 mil casos por ano, segundo especialistas.
A idéia partiu do médico Luiz César Peres, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, que adquiriu as dores durante o desenvolvimento de sua tese de livre-docência e na formação de um banco de dados sobre autópsias pediátricas, entre 1998 e 2000. Para evitar que a mão ficasse dobrada para trás, com os músculos e tendões contraídos, Peres grudou um tubo de cola em bastão sobre o aparelho. Satisfeito, imaginou um mouse ergonômico.
Peres pediu, então, que o fisioterapeuta Paulo Roberto Veiga Quemelo estudasse a confecção do novo mouse. Os primeiros moldes foram feitos com papel machê e massa. A forma final foi definida com uma base e uma haste móvel, como um joystick de jogos eletrônicos. Na haste, estão posicionados dois botões de sinalização, acionados pelo dedo polegar. "Esse dedo é o mais forte e menos suscetível ao cansaço", explicou o médico da USP. A haste é móvel, mas trava após o usuário ajustar a melhor posição de conforto. Já o desenho da base é irregular e próprio para o encaixe da mão.
Com a colaboração do professor Carlos Graeff, do Departamento de Física, também da USP de Ribeirão, foi elaborado o modelo funcional do novo mouse em relação à parte eletrônica. Os dez protótipos existentes possuem tecnologia óptica. Eles podem funcionar com ou sem fio e o movimento do cursor na tela é determinado por um sinal de luz na base do aparelho, que é aceso quando ele é movimentado. "Não apresentei progressão de lesão e tive reversão do quadro de dor", garantiu Peres, que usa o novo mouse há oito meses.
Testes clínicos
A partir de fevereiro, serão realizados testes clínicos com o novo mouse. A análise será realizada no setor de neurofisiologia do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto. "Vamos trabalhar com três grupos de pessoas: normais, com LER e Dort, e aquelas com deficiências graves", disse Peres. "Esse trabalho deve demorar entre quatro e cinco meses", completou.
Sobre a pele dos braços, em cima dos músculos, serão instalados eletrodos para o registro do movimento muscular. Assim, os pesquisadores irão observar a contração dos músculos de acordo com a corrente elétrica que os atravessa e o sistema nervoso. Também serão verificados os ângulos das mãos dos usuários usando os dois tipos de mouse. O trabalho vai envolver, principalmente, alunos do curso de graduação de fisioterapia da USP, criado recentemente em Ribeirão Preto.
Custo final estimado por criadores é de R$ 40,00
Os criadores do mouse em formato de caneta estimam que o custo final deverá ser próximo ao do mouse óptico atualmente encontrado no mercado, entre R$ 30,00 e R$ 40,00. No entanto, embora o novo produto já possa ser produzido e comercializado, nenhuma empresa manifestou interesse para licenciá-lo.
"O problema é que as grandes empresas não estão interessadas em recorrer a novos processos produtivos", justificou o médico Luiz César Peres, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. "A saída é ir atrás de micro e médias empresas."
O novo mouse, que ainda não tem nome, teve um investimento de R$ 6 mil e foi desenvolvido por meio do Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (Papi) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
De acordo com a fundação, o objetivo do Papi é orientar pesquisadores na avaliação do projeto no que diz respeito à viabilidade técnica, originalidade, potencial de mercado e necessidade e custos de protótipo por meio de pareceres e, nos casos favoráveis, auxiliar a preparar relatórios e fazer o depósito de patentes. (RL/AAN)
Um novo modelo de mouse, no formato de uma caneta, foi desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto para diminuir os impactos físicos causados pelo equipamento convencional, como dores nas mãos, nos braços e no pescoço, provocadas por movimentos repetitivos e intensos. A manipulação da invenção é semelhante à usada na escrita. Dez protótipos serão analisados, a partir de fevereiro, em pessoas sem e com Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort) ou Lesão por Esforço Repetitivo (LER), principais causas de afastamento do trabalho no mundo. Apenas no Brasil, são mais de 500 mil casos por ano, segundo especialistas.
A idéia partiu do médico Luiz César Peres, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, que adquiriu as dores durante o desenvolvimento de sua tese de livre-docência e na formação de um banco de dados sobre autópsias pediátricas, entre 1998 e 2000. Para evitar que a mão ficasse dobrada para trás, com os músculos e tendões contraídos, Peres grudou um tubo de cola em bastão sobre o aparelho. Satisfeito, imaginou um mouse ergonômico.
Peres pediu, então, que o fisioterapeuta Paulo Roberto Veiga Quemelo estudasse a confecção do novo mouse. Os primeiros moldes foram feitos com papel machê e massa. A forma final foi definida com uma base e uma haste móvel, como um joystick de jogos eletrônicos. Na haste, estão posicionados dois botões de sinalização, acionados pelo dedo polegar. "Esse dedo é o mais forte e menos suscetível ao cansaço", explicou o médico da USP. A haste é móvel, mas trava após o usuário ajustar a melhor posição de conforto. Já o desenho da base é irregular e próprio para o encaixe da mão.
Com a colaboração do professor Carlos Graeff, do Departamento de Física, também da USP de Ribeirão, foi elaborado o modelo funcional do novo mouse em relação à parte eletrônica. Os dez protótipos existentes possuem tecnologia óptica. Eles podem funcionar com ou sem fio e o movimento do cursor na tela é determinado por um sinal de luz na base do aparelho, que é aceso quando ele é movimentado. "Não apresentei progressão de lesão e tive reversão do quadro de dor", garantiu Peres, que usa o novo mouse há oito meses.
Testes clínicos
A partir de fevereiro, serão realizados testes clínicos com o novo mouse. A análise será realizada no setor de neurofisiologia do Hospital de Clínicas de Ribeirão Preto. "Vamos trabalhar com três grupos de pessoas: normais, com LER e Dort, e aquelas com deficiências graves", disse Peres. "Esse trabalho deve demorar entre quatro e cinco meses", completou.
Sobre a pele dos braços, em cima dos músculos, serão instalados eletrodos para o registro do movimento muscular. Assim, os pesquisadores irão observar a contração dos músculos de acordo com a corrente elétrica que os atravessa e o sistema nervoso. Também serão verificados os ângulos das mãos dos usuários usando os dois tipos de mouse. O trabalho vai envolver, principalmente, alunos do curso de graduação de fisioterapia da USP, criado recentemente em Ribeirão Preto.
Custo final estimado por criadores é de R$ 40,00
Os criadores do mouse em formato de caneta estimam que o custo final deverá ser próximo ao do mouse óptico atualmente encontrado no mercado, entre R$ 30,00 e R$ 40,00. No entanto, embora o novo produto já possa ser produzido e comercializado, nenhuma empresa manifestou interesse para licenciá-lo.
"O problema é que as grandes empresas não estão interessadas em recorrer a novos processos produtivos", justificou o médico Luiz César Peres, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. "A saída é ir atrás de micro e médias empresas."
O novo mouse, que ainda não tem nome, teve um investimento de R$ 6 mil e foi desenvolvido por meio do Programa de Apoio à Propriedade Intelectual (Papi) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
De acordo com a fundação, o objetivo do Papi é orientar pesquisadores na avaliação do projeto no que diz respeito à viabilidade técnica, originalidade, potencial de mercado e necessidade e custos de protótipo por meio de pareceres e, nos casos favoráveis, auxiliar a preparar relatórios e fazer o depósito de patentes. (RL/AAN)