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USP desenvolve equipamento de raios X digital com tecnologia brasileira (1 notícias)

Publicado em 16 de outubro de 2013

Agência FAPESP – Pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas do Instituto Atlântico, de Fortaleza (CE), e em parceria com a indústria Gnatus, de Ribeirão Preto, estão desenvolvendo o primeiro protótipo de um equipamento para realização de exames de raios X digital com tecnologia brasileira.

Voltado para aplicação em odontologia – por ser uma das áreas da saúde que mais demandam a utilização de raios X –, o equipamento possibilitará o desenvolvimento no Brasil dessa nova tecnologia, ainda dominada por poucos países, que está transformando o modo como a radiologia é feita no mundo, avaliam os pesquisadores participantes do projeto.

“A radiologia digital está só começando. Sabemos que já há uma demanda enorme por essa tecnologia no Brasil e que as placas radiográficas utilizadas hoje para a realização de exames com raios X entrarão em desuso. Por isso, pretendemos auxiliar o sistema de saúde do país a realizar a substituição tecnológica”, disse Vanderlei Bagnato, professor do IFSC e coordenador do Cepof, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), da FAPESP.

De acordo com Bagnato, o equipamento é um scanner a laser que desempenha a mesma função dos fabricados por poucas indústrias de equipamentos na área da saúde no mundo e já utilizados em alguns hospitais no Brasil, para realização de radiologia digital.

O scanner lê e digitaliza imagens de raios X obtidas por meio de placas constituídas por sais de terras raras, entre outros materiais. Ao incidir raios X sobre essas placas, as cargas eletrônicas das moléculas das substâncias que compõem o material são excitadas e entram em um estado energético chamado metaestável (diferente de seu estado de equilíbrio).

Depois, com a irradiação de laser por um scanner (como o desenvolvido pelos brasileiros) na placa exposta antes à radiação X, as moléculas da placa recebem mais um pouco de energia, atingindo uma condição que permite que voltem ao estado anterior e emitam uma determinada quantidade de luz azul de cada ponto do filme, proporcional à carga de raios X recebida.

O scanner lê e encaminha quase em tempo real a imagem gerada pela placa para um monitor de alta resolução – semelhante aos utilizados em exames de ultrassonografia. Um software específico processa e gera a radiografia com altíssima resolução, que pode ser armazenada ou enviada pela internet.

“A radiologia digital permite fazer quase uma microscopia com raios X por meio de imagens com resolução praticamente em nível molecular”, disse Bagnato à Agência FAPESP. “Tudo depende de quão finamente conseguimos focalizar o laser de leitura.”