A Fundação Instituto de Administração (FIA) e o Departamento de Administração, da Faculdade de Economia e Administração (FEA), ambos da Universidade de São Paulo (USP), estão oferecendo três novas modalidades de cursos MBA. Um deles, o de Marketing, já está funcionando desde janeiro. Os outros dois, os MBA de Finanças e Recursos Humanos - juntamente com outro novo curso, de desenvolvimento gerencial, que não tem o nível de MBA - começam em agosto e já estão selecionando os candidatos. O professor Fauze Najib Mattar, coordenador do Programa de Educação Continuada em Administração da FEA, explica que os cursos MBA da USP surgiram para atender aos executivos que querem atualizar seus conhecimentos, mas que não têm tempo ou vontade de fazer um programa de mestrado. (Embora o "M" de MBA signifique "Master", esse curso diferencia-se dos mestrados propriamente ditos, diz Mattar.)
Os MBA tem duração menor (um ano) que os cursos de mestrado e doutorado, além da característica de não serem voltados para a formação acadêmica. "Os cursos MBA são uma forma de a universidade prestar serviços à comunidade", comenta Mattar.
O primeiro programa criado foi o MBA Executivo, voltado à formação geral de profissionais para cargos de alta direção. "São executivos com bastante tempo de carreira, que querem se preparar para exercer funções de alta direção de uma empresa", explica o professor.
Os novos programas estão voltados para áreas mais específicas de gerência, e pretendem atingir os profissionais com menos tempo de carreira, que estão assumindo cargos de alto nível em que vão permanecer por algum tempo. São, em geral, profissionais com cerca de 10 anos de experiência.
Já o curso de capacitação gerencial destina-se a recém-formados que ainda estão iniciando em cargos gerenciais, e que precisam desenvolver-se na área. O curso pretende dar uma educação globalizante e prática ao profissional que ainda está em início de carreira.
Todos os programas seguem a mesma metodologia, com aulas teóricas e práticas, usos de vários recursos pedagógicos e palestras com profissionais de mercados. Os professores que ministram os cursos possuem, no mínimo, o mestrado. As aulas acontecem, geralmente, duas vezes por semana, na sexta-feira e no sábado.
Quanto ao conteúdo, todos têm uma preocupação básica em formar profissionais com visão geral, capazes de entender os processos de produção como um todo. Os programas são montados com a finalidade de oferecer aos alunos as novidades em cada área, e de forma a favorecer a troca de experiências entre os alunos. "Nosso público é muito exigente". Os alunos não assistem às aulas se o assunto que está sendo discutido não for bem apresentado e ele não ver como aplicar a teoria no seu dia-a-dia. Isto nos obriga a estarmos sempre melhorando os programas, diz James T.C. Wright, coordenador do curso MBA Executivo Internacional.
O professor Dilson Gabriel dos Santos, coordenador do curso MBA Marketing, explica que para formar o programa do curso foram realizadas pesquisas com profissionais do mercado e em universidades do Brasil e do exterior para ver quais eram as novidades e as necessidades para profissionais desta área. "Trouxemos um jogo de empresas da França, por exemplo", cita Santos. No curso de Marketing, estão programadas 14 palestras com profissionais do mercado, com o objetivo de validar as discussões do curso.
O curso MBA de Recursos Humanos está selecionando os alunos para a primeira turma, que tem início marcado para agosto. O coordenador do curso, professor Lindolfo Galvão de Albuquerque, diz que a área de recursos humanos está passando por uma grande transformação, e que todos os profissionais que trabalham em equipe precisam ter conhecimentos em administração de pessoal. Este é o enfoque sobre o qual foi montado o programa do curso.
Para cursar os cursos MBA da USP é preciso passar por uma seleção, que não inclui provas, mas uma análise de currículo. "É muito importante que os alunos tenham uma boa experiência profissional para podermos oferecer um bom curso, pois os programas estão baseados na troca de experiência entre alunos", diz Mattar. As turmas são formadas por profissionais de diversas áreas. Numa mesma sala de aula é possível encontrar executivos da indústria de cigarros, de bancos, de planos de saúde, psicólogos, engenheiros e jornalistas.
DIVERSIDADE
Esta troca de experiências e o convívio com profissionais de diversas áreas é o que mais atrai os alunos que estão cursando o MBA. "Por termos profissionais de várias áreas, cada um traz a visão que tem do cliente", comenta Fernando de Azevedo, superintendente de Corporate do Unibanco e aluno do MBA Marketing.
"Isso ajuda a perceber o cliente de forma multifacetada", completa Virgílio Sanches, gerente de Mercado da Unimed Metropolitana, também do curso de Marketing. Azevedo acha que este é o grande diferencial dos cursos MBA da USP.
O perfil dos 212 alunos, de oito turmas, do MBA Executivo Internacional é um retrato desta diversidade. O maior número é de engenheiros, 88, seguido por administradores de empresas, 47. Mas entre eles encontram-se três médicos, dois físicos, dois matemáticos e até dois profissionais com formação em zootecnia. A idade média dos participantes é de 36 anos, com uma experiência profissional de cerca de 14 anos. Quase 60% deles atuam em cargos de gerência ou como consultores, com cerca de nove anos em funções gerenciais.
A procura pelos cursos tem sido bastante grande. O professor Santos conta que recebeu cerca de 300 ligações no início do ano, quando estava formando a primeira turma do MBA Marketing.
FIA-USP - Tel. (011) 818-5844 - 211-6868
EX-ALUNOS FORMAM ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE
Os intervalos entre as aulas dos cursos MBA da USP não deixam nada a dever a um recreio de colégio, com muitas brincadeiras e piadas. Os alunos da turma seis, do curso MBA Executivo Internacional, contam que a turma deles é como uma classe de colégio: tem o pessoal da bagunça, os que só estudam e os que só ficam desenhando durante toda a aula.
Alguns alunos vêm de longe para fazer o curso. Wilson Parisk, da Souza Cruz, vem todas as semanas de Uberlândia (MG) para assistir às aulas. "É cansativo mas vale a pena", elogia ele.
Na visão do professor Fauze Najib Mattar, coordenador do Programa de Educação Continuada em Administração, a integração entre os alunos é um dos objetivos dos programas MBA. "Está é uma oportunidade para eles conhecerem pessoas de outras áreas, com quem podem trocar experiências."
VOLUNTÁRIOS
Foi pela vontade de continuar mantendo contato e trocando experiências que surgiu a USP MBA Exes, associação formada pelos alunos e ex-alunos dos cursos MBA da FIA.
Sérgio R. Nogueira, aluno da segunda turma do MBA Executivo, é o presidente da associação, que congrega 175 alunos e ex-alunos. Ele conta que a USP MBA Exes surgiu com duas propostas: a de promover educação continuada e a de realizar um projeto social. "No fim do curso tivemos uma atividade em que tínhamos que fazer uma agenda para o futuro. Percebemos que tínhamos uma baixa atividade social, e um desejo de melhorar isto", conta. Resolveram então oferecer consultoria, gratuitamente, para entidades com fins sociais. "Usamos o que melhor sabemos fazer para ajudar as instituições: administrar", diz Nogueira.
O que eles pretendem com a consultoria é profissionalizar a gestão de instituições sociais, já que muitas vezes as pessoas que as administram são voluntários de outras áreas, como médicos, que não tem experiência em administração. A associação forma grupo de voluntários entre os seus filiados, que vão orientar a organização da instituição, definindo funções e necessidades.
Arrecadação de fundos
Mas o trabalho não para aí. Eles também ajudam as instituições a arrecadarem fundos e a aplicá-los corretamente. "É difícil organizar esse tipo de entidade sem que a gente termine se envolvendo na arrecadação de fundos", diz Nogueira.
A USP MBA Exes está com dois projetos atualmente. Um deles é o do Icrim, um instituto da Escola Paulista de Medicina que atende crianças com deficiência renal. O objetivo de Nogueira é fazer com que a entidade, que atualmente atende trinta crianças, atinja um nível ótimo de gestão que permita o atendimento de um número maior de crianças.
Para arrecadar fundos para o Icrim, a USP MBA Exes criou um serviço de telemarketing e está fazendo contato com empresas para buscar patrocínio. Outra tarefa foi organizar o fluxo de caixa da instituição. Em um ano e meio a associação já prestou consultoria a cinco instituições.
Notícia
Gazeta Mercantil