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USP cria solução de inteligência artificial para ajudar no combate à fome (17 notícias)

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Novos algoritmos identificam quais regiões de uma determinada cidade carecem de infraestrutura e de opções adequadas para a alimentaçãoUma solução inédita que utiliza inteligência artificial poderá contribuir para o combate à fome, um dos maiores problemas enfrentados no Brasil atualmente.

Por meio da análise e interpretação de informações de centenas de bancos de dados diferentes, novos algoritmos desenvolvidos por pesquisadores do Centro de Inteligência Artificial (C4AI) da USP são capazes de identificar quais regiões de uma determinada cidade carecem de infraestrutura e de opções adequadas para o fornecimento de alimentos.

A inovação busca mostrar onde o poder público, uma empresa ou outro tipo de organização deve agir para tomar decisões mais precisas e eficientes para enfrentar a insegurança alimentar.

As informações são de artigo do Jornal da USP assinado por Eduardo Sotto Mayor, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

Um dos protótipos criados pelos pesquisadores foi pensado para identificar regiões mais suscetíveis à fome na cidade de São Paulo. A solução tem sido alimentada com dados abertos do governo federal, do IBGE e a Conab, além de informações relacionadas à indústria de alimentos, como o número de estabelecimentos que vendem comida por região – sejam feiras livres, mercados ou lanchonetes.

“A integralização de informações diversas e espalhadas ainda é um problema no Brasil, também por causa do tamanho do território. Há muitos bancos de dados separados. Em países menores e mais ricos é muito mais fácil juntá-los, mas nós estamos buscando integrar mais de 100 bases de dados. Agora, com a nossa solução que cruza as informações de forma automática, a inteligência artificial apresenta as localidades mais críticas e diversos outros tipos de análises”, explica Alexandre Delbem, professor do ICMC da USP, em São Carlos, e pesquisador do C4AI, que é financiado pela IBM e pela Fapesp.

A inteligência artificial pode reunir informações sobre mudanças climáticas e prever possíveis desabastecimentos na agricultura, além de ajudar a driblar a seca durante um período de estiagem. “O agricultor poderia se preparar para isso com antecedência. Cada tomador de decisão vai analisar os aspectos de interesse. A solução pode ser abastecida com qualquer tipo de dado”, esclarece o professor.

A situação da fome no Brasil é grave, ainda mais com o aumento recente da pobreza. De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, 19 milhões de pessoas estavam sem fazer refeições durante um dia ou mais, na época em que o estudo foi realizado, no ano passado.

“É muita gente com fome, com problemas alimentares e de saúde. O País é diverso e desigual, por isso é complicado pensar no geral. Estamos contribuindo para tentar achar um caminho. Esse é um grande desafio, mas a tecnologia pode ajudar muito. Tendo acesso a dados confiáveis, é possível analisar, ver o que efetivamente acontece, articular e manter diálogo com tomadores de decisão”, afirma Delbem.