No próximo semestre, o Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP, em conjunto com o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, promoverão a apresentação pública, na capital carioca, do Arquivo Virtual sobre Holocausto e Anti-Semitismo (Arqshoah). O projeto reunirá em um portal na internet diversos materiais, entre eles cópias de documentos oficiais que revelam o posicionamento do governo brasileiro e de seus diplomatas diante do Holocausto e dos refugiados judeus do nazi-fascismo.
Esta apresentação pública dá continuidade à apresentação ocorrida no último mês de abril, no Clube Hebraica, em São Paulo, durante o lançamento do livro O Anti-Semitismo nas Américas (Edusp; Fapesp, 744 pp.) organizado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenadora do projeto Arqshoah.
Na ocasião, foram distribuídos folders sobre o Arquivo Virtual contendo formulários para serem preenchidos por pessoas que conhecem sobreviventes dos campos de concentração nazista ou por refugiados do nazi-fascismo que moram no Brasil.
Entre os documentos já identificados por Maria Luiza e sua equipe de pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) estão várias circulares editadas entre 1938 e 1944 pelo então chanceler Osvaldo Aranha.
Uma delas é a Circular 1.249, datada de 27 de setembro de 1938, que exigia a apresentação de passagem de ida e volta para a concessão de visto de entrada de judeus na categoria turista – conta Maria Luiza.
Outros documentos comprovam que, mesmo após o final da Segunda Guerra, o governo brasileiro manteve restrições quanto à entrada de judeus e estrangeiros no País. Porém, no exterior, - na ONU, por exemplo - o Brasil apresentava, na época, uma imagem ‘humanitária’ – completou.