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Uso maciço de bioquerosene de avião levará até 40 anos (1 notícias)

Publicado em 11 de junho de 2013

Será uma introdução gradual do bioquerosene de aviação no querosene de origem fóssil, e sem a necessidade de adaptação das estruturas existentes, como dutos, tanques e bombas dos aviões. O novo combustível não terá uma única matéria-prima, mas poderá ser produzido a partir de uma série de fontes. O Brasil deverá ter um papel importante nessa nova indústria.

Essas são algumas das considerações feitas nesta segunda-feira por representantes da Embraer, Boeing e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), na apresentação dos resultados de uma abrangente pesquisa sobre as oportunidades e desafios para tornar viáveis os combustíveis de origem vegetal no País, o "Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação". O relatório visa identificar as lacunas e barreiras relacionadas à pesquisa, produção, transporte e uso do combustível, e pretende ainda favorecer a criação de uma estratégia nacional para fazer do Brasil um País líder no desenvolvimento dessa indústria.

A experiência brasileira no desenvolvimento do etanol e do biodiesel, além da gama de potenciais matérias-primas disponíveis no Brasil estão entre os principais aspectos que levam o País a, potencialmente, liderar o processo. "Temos grande potencial de termos o Brasil numa posição destacada internacionalmente, mas, claramente, há muito o que fazer", disse o vice-presidente executivo de Engenharia e Tecnologia da Embraer, Mauro Kern. De acordo com Kern, o próximo passo será buscar uma coordenação nas pesquisas neste segmento, com o envolvimento dos setores privados e governamentais.

O levantamento inicial apresentado apontou que, entre as matérias-primas mais promissoras para a produção de biocombustível de aviação, estão as plantas que contêm açúcares, amido e óleo de resíduos, como lignocelulose, lixo sólido e gases de exaustão industrial. Mas o amplo uso de uma ou mais fontes dependerá da produção em larga escala do biocombustível, que reduzirá o custo. "Hoje, o bioquerosene é mais caro que o querosene fóssil, mas ele tende a se tornar viável com ganhos de escala", disse o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique Brito Cruz.

O desenvolvimento desses combustíveis de maneira competitiva e comercial é considerado fator crucial para que o setor de aviação possa atender às metas relacionadas à emissão de dióxido de carbono. A presidente da Boeing Brasil, Donna Hrinak, lembrou que a indústria de aviação reiterou, semana passada, a intenção de registrar crescimento neutro de dióxido de carbono até 2020, chegando a 2050 com volume de emissões dos aparelhos 50% menor em relação aos níveis de 2005. "Uma das maneiras de atingir essas metas é produzir aeronaves mais eficientes, que consomem menos combustível e emitem menos ruídos, mas também com o desenvolvimento dos biocombustíveis", disse. Kern, da Embraer, lembrou que hoje os aviões são 70% mais eficientes em consumo de combustível do que eram há 40 anos e indicou que novos avanços dependeriam da efetiva introdução dos biocombustíveis.

AGÊNCIA ESTADO