Monitoramento e pulverização por drones já não são mais novidade. A tecnologia que está atraindo fundos de venture capital e programas de fomento à inovação é o uso destes veículos na dispersão de agentes biológicos para controle de pragas e até para semeadura de reflorestamento.
Fundada em 2018 e com apenas dois anos de atuação no campo, a Sardrones acaba de ser selecionada entre mais de 400 startups para fazer parte de um grupo de 11 empresas que receberão investimentos de R$ 15 milhões do programa Startup Invest Summit, por meio de uma associação com o fundo de venture capital Bossa Nova Investimentos, um dos mais ativos do mercado B2B.
A empresa, que reúne clientes como Raizen, Jalles Machado, Adecoagro e Bunge, faturou mais de R$ 2 milhões dispersando agentes biológicos em mais de 150 mil hectares de lavouras não apenas de cana-de-açúcar, mas também de soja e em fruticultura.
A startup desenvolveu ainda um equipamento para dispersão de sementes de palmito do tipo juçara que está sendo utilizado em 17 parques florestais pelo governo do Estado de São Paulo.
“Criamos uma solução para suprir a carência de mão de obra com a vantagem de ser mais rápida, precisa e eficiente. No caso da cana-de-açúcar, por exemplo, o acesso ao interior da lavoura, onde os agentes biológicos precisam ser liberados, é bastante insalubre e perigoso para o trabalhador”, explica o engenheiro agrônomo Gustavo Scarpari, fundador da Sardrones.
Investidores
O mercado de fusões, aquisições e investimentos em AgTechs está aquecido. A soma dos aportes realizados em 2019 e 2020 em startups agropecuárias superam os R$ 100 milhões e representam mais que o dobro do observado nos dez anos anteriores, segundo dados do Distrito Agtech Mining Report.
Esse tipo de transação, entretanto, exige assessoria especializada. No caso da negociação com o Bossa Nova Investimentos, a Sardrones teve o apoio da Valore Brasil, consultoria especializada em fusões e aquisições.
“Além do valuation, que no caso das startups demanda uma metodologia diferente de uma empresa tradicional, seguimos dando apoio nas negociações e com mentoria para a busca de investidores, já que a empresa continua aberta a novos parceiros”, explica Jaziel Pavine de Lima, sócio consultor da Valore Brasil.
“Na entrada da Bossa Nova, apoiamos nas projeções, análises de termos do acordo e nos ajustes da proposta, mantendo maior liberdade para a Sardrones definir o perfil de um futuro parceiro”, destaca Pavine.
Ele destaca que o processo completo de merger & acquisiton pode ter início desde a busca ativa do target, conversas iniciais, passando pelo valuation, análise do term sheet (proposta) e seus ajustes até a concretização da proposta.
“Aumentamos em oito vezes nosso faturamento em 2020. O mercado de agentes biológicos triplicou nos últimos dois anos e vai seguir triplicando nos próximos. Nosso negócio, entretanto, segue o ritmo do agronegócio, que não se compara ao de empresas de software ou fintechs”, explica Scarpari. Por isso, eke quer priorizar futuras parcerias com empresas que já atuam com agricultura.
Inovação
A novidade da Sardrones não está nos agentes biológicos, solução que a agricultura domina há décadas, mas sim nos dispositivos capazes de dispersar os agentes biológicos de forma adequada.
Para se chegar à tecnologia atual, foram necessários o apoio de órgãos de fomento, como Fapesp e Embrapii, e parcerias com instituições como Senai, ITA e Esalq/USP.
Além do gadget, a Sardrones desenvolveu um aplicativo georreferenciado que monitora as liberações de agentes conforme a recomendação agronômica e registra aspectos climáticos, como temperatura, vento e umidade, que podem influenciar na sua eficiência.
Atualmente, a empresa é capaz de dispersar cotesia flavipes (vespas minúsculas que combatem a broca da cana) e trichogramma (vespas dispersadas ainda na forma de ovos), ambas para a cultura da cana-de açúcar. Também já foram realizados trabalhos com telenomos podizi (outra espécie de vespa) em lavouras de soja.
Fonte: OPA Assessoria em Comunicação