Nos corredores do prédio de Exatas, do câmpus de Itatiba, da Universidade São Francisco (USF), o professor João Roberto Moro é chamado de "o homem da Nasa". O título surgiu depois que a agência espacial dos Estados Unidos decidiu realizar testes com uma broca feita com um tubo de diamante sintético, desenvolvida através de um convênio entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a USF.
Se passar nos testes, a broca será utilizada nas futuras expedições a Marte. "O material ainda está sendo testado", ressalta com certa dose de cautela o professor Moro, coordenador do Laboratório de Diamantes CVD (Chemical Vapor Deposition) da USF. Neste local modesto, no câmpus de Itatiba, foi produzido o maior diamante sintético do Brasil.
Isso mesmo. A USF e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) investiram R$ 250 mil em pesquisas, que resultaram na produção da maior área recoberta por diamante sintético no país: 80 centímetros quadrados e 0,25 milímetros de espessura.
Segundo o professor Moro, foram necessárias 20 horas para a produção da placa. "Mas a coqueluche, agora, são os tubos de diamante", comenta.
No caso das brocas estudadas pelos norte-americanos, por exemplo, há a vantagem de os tubos serem cilíndricos, podendo armazenar material retirado das rochas de Marte.
AVANÇO
A novidade no câmpus da USF em Itatiba é a produção dos chamados diamantes dopados, úteis na produção de células solares. "Para as aplicações mecânicas de abrasão de brocas são usados os diamantes sem impurezas, -mas parada aplicação de microeletricidade, como as células solares, são usados os diamantes com impurezas, também conhecidos como dopados", relata Moro.
Até o final deste ano, o laboratório da USF deve produzir protótipos de células solares para teste e, possivelmente, confirmar a possibilidade de geração de energia elétrica a partir do diamante.
Os diamantes são isolantes elétricos e podem ser transformados em semi-condutores. Isso permite a utilização do material na fabricação de células fotoelétricas, utilizadas para a geração de eletricidade com o uso da energia solar.
TRAJETÓRIA
O pesquisador João Roberto Moro integra o quadro de professores da Universidade São Francisco (Itatiba) desde 1990, quando assumiu uma cadeira no curso de Engenharia Mecânica.
No ano seguinte, começou - em parceria com a professora Acácia Aparecida Angeli dos Santos (hoje pró-reitora de graduação da universidade) - a formar grupos de pesquisa sobre filmes finos.
Quatro anos depois, especializou-se no estudo de filmes finos de diamantes e, a partir daí, passou a construir reatores para a produção do material.
Em 1996, a USF firmou um convênio com o Inpe, o maior laboratório de diamantes do Brasil. Assim, com o respaldo de colegas como o professor Vladimir Trava - Airoldi, a universidade transformou-se no segundo ponto de referência no país, no que diz respeito à pesquisa desse tipo de material.
Para quem se interessar em conhecer a página do Laboratório de Diamante CVD da USF na internet o endereço eletrônico é www.diamante.usf.br.
Notícia
Jornal de Jundiaí online