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USF tem material testado pela Nasa (1 notícias)

Publicado em 06 de fevereiro de 2000

Por Da reportagem local
Nos corredores do prédio de Exatas, do câmpus de Itatiba, da Universidade São Francisco (USF), o professor João Roberto Moro é chamado de "o homem da Nasa". O título surgiu depois que a agência espacial dos Estados Unidos decidiu realizar testes com uma broca feita com um tubo de diamante sintético, desenvolvida através de um convênio entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a USF. Se passar nos testes, a broca será utilizada nas futuras expedições a Marte. "O material ainda está sendo testado", ressalta com certa dose de cautela o professor Moro, coordenador do Laboratório de Diamantes CVD (Chemical Vapor Deposition) da USF. Neste local modesto, no câmpus de Itatiba, foi produzido o maior diamante sintético do Brasil. Isso mesmo. A USF e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) investiram R$ 250 mil em pesquisas, que resultaram na produção da maior área recoberta por diamante sintético no país: 80 centímetros quadrados e 0,25 milímetros de espessura. Segundo o professor Moro, foram necessárias 20 horas para a produção da placa. "Mas a coqueluche, agora, são os tubos de diamante", comenta. No caso das brocas estudadas pelos norte-americanos, por exemplo, há a vantagem de os tubos serem cilíndricos, podendo armazenar material retirado das rochas de Marte. AVANÇO A novidade no câmpus da USF em Itatiba é a produção dos chamados diamantes dopados, úteis na produção de células solares. "Para as aplicações mecânicas de abrasão de brocas são usados os diamantes sem impurezas, -mas parada aplicação de microeletricidade, como as células solares, são usados os diamantes com impurezas, também conhecidos como dopados", relata Moro. Até o final deste ano, o laboratório da USF deve produzir protótipos de células solares para teste e, possivelmente, confirmar a possibilidade de geração de energia elétrica a partir do diamante. Os diamantes são isolantes elétricos e podem ser transformados em semi-condutores. Isso permite a utilização do material na fabricação de células fotoelétricas, utilizadas para a geração de eletricidade com o uso da energia solar. TRAJETÓRIA O pesquisador João Roberto Moro integra o quadro de professores da Universidade São Francisco (Itatiba) desde 1990, quando assumiu uma cadeira no curso de Engenharia Mecânica. No ano seguinte, começou - em parceria com a professora Acácia Aparecida Angeli dos Santos (hoje pró-reitora de graduação da universidade) - a formar grupos de pesquisa sobre filmes finos. Quatro anos depois, especializou-se no estudo de filmes finos de diamantes e, a partir daí, passou a construir reatores para a produção do material. Em 1996, a USF firmou um convênio com o Inpe, o maior laboratório de diamantes do Brasil. Assim, com o respaldo de colegas como o professor Vladimir Trava - Airoldi, a universidade transformou-se no segundo ponto de referência no país, no que diz respeito à pesquisa desse tipo de material. Para quem se interessar em conhecer a página do Laboratório de Diamante CVD da USF na internet o endereço eletrônico é www.diamante.usf.br.