Cinco empresas uniram-se à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao Centro Regional de Tecnologia Informática (Certi), do Estado, para desenvolver um projeto de medição de tensões residuais, de distorções em superfícies cilíndricas e de vibração de estruturas. Na verdade, significa analisar quanto uma peça dilata com o calor ou quando submetida a pressão. No caso de um pistão, por exemplo, se a dilatação for grande, a peça pode engripar e o motor se quebrar. O investimento previsto para o projeto é de US$ 700 mil.
Participam do projeto Metal Leve, Embraco, Maxion, de São Paulo, Centrais Elétricas do Paraná (Copei) e o Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes). As empresas arcarão com 61% do investimento, cedendo tempo de engenheiros e técnicos, materiais, passagens e estadias, e 39% serão oriundos do Programa de Apoio de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), do Ministério da Ciência e Tecnologia, com créditos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a fundo perdido.
Segundo José Ricardo Rebello, pesquisador da Metal Leve, o trabalho deverá começar dentro de dois meses, depois que todas as empresas assinarem o contrato, e poderá ser concluído em dois anos.
A Metal Leve já tem uma estação holográfica eletrônica com fonte de laser e chaveamento de fibras ópticas, desenvolvido pela UFSC. O projeto, do professor Armando Albertazzi, do Certi e do Laboratório de Metrologia da universidade, teve início em 1990 e demorou três anos para ficar pronto. A estação é composta por um microcomputador, câmera de vídeo e monitor de TV, além de outros instrumentos.
PROJETO
Quando a peça, como um pistão, é iluminada pelo laser e submetida a aumento de temperatura, aparecem franges de deformação. A câmera capta a imagem com as franges e as transmite automaticamente para o computador. O software as interpreta e transforma os resultados em tabelas e gráficos de deformações para análise dos técnicos.
Entretanto, com essa estação é possível estudar somente as áreas da peça onde a luz incide, que é correspondente a 120 graus da superfície cilíndrica. Com o novo projeto em cooperação com as demais empresas, a medição será em 360 graus. Outro módulo desse trabalho será o estudo dos modos de vibração da estrutura. A estação atual custou à Metal Leve US$ 50 mil mais bolsa de US$ 500 durante um ano e meio para o aluno pesquisador.
Antes da holografia eletrônica, a empresa usava um manual. Precisava fotografar as franges, revelar e fazer os cálculos manualmente. Era tão demorado que o processo foi deixado de lado. O sistema eletrônico possibilitou a aplicação industrial, pois é 500 vezes mais rápido, diz José Rebello. A imagem com franges é captada pelo computador em um trinta avôs de segundo e os cálculos feitos instantaneamente pelo software.
Notícia
Gazeta Mercantil