O projeto tem o objetivo de atrair mais candidatos e reduzir média de idade de doutores formandos em universidades públicas
As universidades públicas do estado de São Paulo irão implementar um novo modelo nos cursos de pós-graduação a partir do ano que vem. A medida foi autorizada depois da assinatura de um memorando de entendimento na última segunda-feira (11) e tem o objetivo de atrair mais candidatos e reduzir a média de idade de doutores formados no Brasil – entenda mais abaixo.
Cursos de pós-graduação de seis universidades públicas paulistas com notas 6 ou 7 na avaliação da Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) poderão adotar mudanças estruturantes no modelo de seus cursos de pós-graduação – veja universidades que assinaram acordo abaixo.
O que muda na prática?
Chamado de PAPG (Plano de Aperfeiçoamento da Pós-graduação), o projeto determina a oferta de competências e habilidades que vão além do projeto de pesquisa, fornecendo aprendizagens humanísticas, éticas, de empreendedorismo e com maior integração com a sociedade.
“Nosso modelo de pós-graduação foi criado em 1965, com o chamado Parecer Sucupira. Nesses 60 anos de vigência, o mundo mudou, o sistema de ensino superior mudou e algumas adaptações tornaram-se necessárias. Uma delas é o tempo da pós-graduação. Atualmente, o tempo médio para titulação no Brasil é de 9,5 anos, porque há um hiato entre o mestrado e o doutorado”,
De acordo com as instituições, as mudanças implicam em organizar, intensificar e modernizar a matriz curricular e as atividades extracurriculares dos cursos de pós-graduação, por meio da introdução de atividades interdisciplinares e transdisciplinares de forma mais intensa, permitindo aos estudantes que almejam uma formação pela pesquisa alcançarem mais rapidamente o doutorado.
“Nos marcos dos programas de excelência 6 e 7, a ideia é que se possa permitir uma aceleração da formação na pós-graduação. O novo sistema vai permitir que uma parcela dos ingressantes no mestrado possa transitar para o doutorado de forma mais rápida”,
Veja as universidades públicas estaduais de São Paulo que assinaram acordo:
Unicamp (Universidade Estadual Paulista)
USP (Universidade de São Paulo)
Unesp (Universidade Estadual Paulista)
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e
UFABC (Universidade Federal do ABC)
Além disso, duas agências de fomento à pesquisa também participaram do acordo: FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Pós-graduação não tem acompanhado mudanças, de acordo com Plano
Para propor as mudanças, os especialistas que elaboraram o Plano consideraram que a pós-graduação no Brasil não tem acompanhado, nas últimas décadas, as mudanças ocorridas em outros países com sistemas de pós-graduação fortes e bem estruturados. Consideraram também que a estrutura da pós-graduação no Brasil não se adaptou às mudanças nos interesses dos pós-graduandos e às perspectivas de trabalho dos seus egressos.
Além disso, na última década, tem havido diminuição no ingresso na pós-graduação, que tem se mostrado pouco atraente para os recém-graduados. Os especialistas que elaboraram o plano alegam, ainda, que a idade média de titulação de doutores no Brasil é quase 10 anos acima daquela em países com pós-graduação forte.
“Esse é um problema que foi surgindo progressivamente nos últimos tempos. Eu me formei na pós-graduação com 28 anos. Hoje, em média, o doutoramento se dá com 38 anos, e esse aumento de tempo não resultou em aumento de qualidade. O país não suporta isso. Essa é uma realidade que temos que mudar, simplificando os processos, reduzindo a burocracia e as exigências desnecessárias para a formação de bons pesquisadores”,
De acordo com o diretor de Programas e Bolsas da Capes, Luiz Antonio Pessan, o objetivo é atrair mais candidatos e reduzir a média de idade de doutores formados, dinamizando e qualificando os programas de pós-graduação das universidades envolvidas.
“A aplicação de recursos na formação de pessoas qualificadas em pesquisa não é gasto, é investimento”,