A partir de 2025, os programas de pós-graduação das universidades estaduais e federais de SP poderão adotar novo modelo que possibilita ao aluno passar do mestrado para o doutorado após 12 meses de curso
A partir de 2025, os programas de pós-graduação de excelência das seis universidades públicas paulistas, com notas 6 ou 7 na avaliação da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), poderão adotar mudanças estruturantes no modelo de seus cursos de pós-graduação. Essas mudanças têm o objetivo de tornar os programas mais flexíveis, modernizando o conteúdo das disciplinas, oferecendo atividades extramuros, dando novo significado ao mestrado e dinamizando o doutorado.
Um protocolo de intenções assinado na segunda-feira (11) entre a Capes, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as seis universidades públicas de São Paulo – USP, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) – incentiva os programas a adotarem mudanças que possibilitarão uma pós-graduação mais atrativa, diversificada e compatível com as demandas da sociedade.
“Nosso modelo de pós-graduação foi criado em 1965, com o chamado Parecer Sucupira. Nesses 60 anos de vigência, o mundo mudou, o sistema de ensino superior mudou e algumas adaptações tornaram-se necessárias. Uma delas é o tempo da pós-graduação. Atualmente, o tempo médio para titulação no Brasil é de 9,5 anos, porque há um hiato entre o mestrado e o doutorado”, explicou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, que falou em nome das três universidades estaduais paulistas.
O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, reforçou que “esse é um problema que foi surgindo progressivamente, nos últimos tempos. Eu me formei na pós-graduação com 28 anos. Hoje, em média, o doutoramento se dá com 38 anos e esse aumento de tempo não resultou em aumento de qualidade. O País não suporta isso. Essa é uma realidade que temos que mudar, simplificando os processos, reduzindo a burocracia e as exigências desnecessárias para a formação de bons pesquisadores”.
As mudanças propostas são fruto de uma longa discussão que tem sido feita nas instituições nos últimos anos sobre o formato, o papel e o futuro da pós-graduação no Brasil e no mundo. “Esse acordo representa um esforço conjunto para atrair mais candidatos ao doutorado, reduzir a média de idade dos doutores formados e dinamizar e qualificar os programas de pós-graduação das universidades envolvidas. A aplicação de recursos na formação de pessoas qualificadas em pesquisa não é gasto, é investimento”, afirmou o diretor de Programas e Bolsas da Capes, Luiz Antonio Pessan.
Novo modelo para a pós-graduação
A proposta para o novo modelo de pós-graduação é que, nos primeiros 12 meses da pós-graduação, o aluno frequente disciplinas da matriz curricular do curso, formativas e interdisciplinares, além de construir um projeto de pesquisa e identificar um orientador.
Os programas também deverão oferecer modelos formativos ligados à inovação, ao empreendedorismo, à inserção social e às atividades industriais ou públicas, com a atuação direta em empresas ou em órgãos estatais.
Ao final desta primeira etapa do mestrado, os estudantes submetem-se ao exame de qualificação para verificar a aquisição de conhecimentos e a avaliação do projeto de pesquisa. Se aprovado no exame, o aluno terá duas possibilidades: prosseguir no mestrado para concluí-lo em mais um ano, ou converter o mestrado em doutorado, que deverá ser concluído em até quatro anos.