Com o objetivo de fomentar a colaboração com cientistas de toda a América Latina, a Universidade de Edimburgo (Escócia) inaugurou em março um escritório de representação no Brasil.
Para celebrar a abertura da nova base latino-americana, sediada no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo, a instituição organizou o simpósio “Brazil and Latin America in a Fast Changing World – Society, Enviroment and Technology for de 21st Century” nesta segunda-feira (11/03).
Durante o simpósio, a professora da Universidade de Edimburgo Rachel Woods apresentou algumas das pesquisas da instituição na área de energia e de controle de emissões de dióxido de carbono (CO2). Falou também sobre as parcerias já existentes com instituições como a Unesp, a Unicamp e a Embrapa.
“O objetivo foi dar uma ideia geral do que fazemos em Edimburgo e mostrar as parcerias que já estão em andamento com o Brasil. Escolhemos áreas de grande interesse para os dois países, como recursos hídricos e energéticos, mudança climática e gestão da biodiversidade”, explicou Antonio Ioris, professor de Meio Ambiente e Sociedade da Universidade de Edimburgo.
Segundo Ioris, também foi organizado um seminário no Chile, onde o tema central foi Saúde, e outro no México, com foco na área de política. “O potencial de colaboração é enorme e atrai gente do mundo inteiro. Mas, infelizmente, a colaboração com a América Latina e com o Brasil ainda é baixa quando se compara com ex-colônias britânicas, como a Índia ou a Austrália”, afirmou.
A barreira linguística e cultural é, sem dúvida, um grande obstáculo a ser superado, afirmou Ioris. “Tem muita pesquisa boa feita no Brasil, mas ainda é um país muito fechado. Os pesquisadores de fora não têm acesso ao que é publicado aqui dentro. Estamos discutindo a criação de cursos intensivos de inglês para quem for para Edimburgo se sentir mais à vontade com a língua”, contou.
Na abertura do simpósio, o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, destacou que parte importante da estratégia da Fundação tem sido desenvolver oportunidades de colaboração entre cientistas paulistas e de outros países. Lembrou ainda que a FAPESP já mantém acordos de cooperação científica com diversas instituições britânicas, entre elas a Universidade de Edimburgo e os sete Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK, na sigla em inglês).
“Todas essas iniciativas estão trazendo o Reino Unido para a posição principal na colaboração científica com cientistas no Estado de São Paulo. Estamos muito felizes com isso e ansiosos com as novas oportunidades que vão surgir com esse novo escritório em São Paulo”, disse Brito Cruz.
Também participaram da abertura do evento o presidente e vice-reitor da Universidade de Edimburgo, Timothy O'Shea, e o cônsul britânico em São Paulo, John Doddrell.
Fiona Conroy, diretora de Ciência e Inovação da Embaixada Britânica em Brasília, disse que o Reino Unido considera o Brasil uma boa opção de parceiro, quando se trata de ciência, inovação e tecnologia.
“Procuramos estimular todas as nossas universidades a estabelecer laços acadêmicos e institucionais com as universidades brasileiras. Queremos relações realmente profundas e de mão dupla. Queremos que os estudantes brasileiros viajem para o Reino Unido e voltem para o Brasil com experiências muito positivas e se tornem multiplicadores da internacionalização”, afirmou.
Conroy disse ainda que o Brasil atravessa um momento de profundas transformações e o suporte de agências de fomento à pesquisa é fundamental para a internacionalização.
“A Fapesp tem sido um parceiro forte para o Reino Unido. Publicamos mais artigos em parceria com cientistas paulistas do que qualquer outro país. Estamos na frente da Alemanha e estamos orgulhosos disso. Tentaremos replicar alguns dos sucessos que obtivemos em parceria com a Fapesp com outros estados”, acrescentou.
Representando a Petrobras, o geofísico Paulo Johann falou sobre as perspectivas brasileiras para a exploração das reservas de petróleo e gás no pré-sal e sobre a importância da pesquisa para aumentar a eficiência na produção de energia com o menor impacto possível para o meio ambiente.
João Iganci, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, falou sobre pesquisas na área de taxonomia que realizou em parceria com o Jardim Botânico Real de Edimburgo. Já Ioris, que embora trabalhe na Escócia é de naturalidade brasileira, falou sobre suas pesquisas relacionadas ao manejo da água, algumas em parcerias com universidades brasileiras.
Na sessão que tratou sobre conservação florestal e mercados de carbono participaram Francisco Ascui, diretor do Centro de Negócios e Mudanças Climáticas da Universidade de Edimburgo, Pedro Moura Costa, presidente da Bolsa Verde do Rio de Janeiro, e Mario Manzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas.
“O evento capturou a essência de alguns dos desafios que ambos os países compartilham e que vão além de suas fronteiras. Sabemos que uma única universidade ou um único país não possui toda a expertise necessária para enfrentar esses desafios e essa é a razão pela qual estamos criando um escritório em São Paulo”, afirmou Charlie Jeffery, professor de Ciências Políticas da Universidade de Edimburgo, durante o encerramento do simpósio.
Veja vídeo em
http://www.ed.ac.uk/about/edinburgh-global/news-events/news/110313-sao-paulo