Notícia

Vale Paraibano

Universidade, Conhecimento e Emprego

Publicado em 23 fevereiro 2003

Por Renato Amaro Zângaro
O papel da Universidade na sociedade humana sempre foi o de gerar e transmitir conhecimento, sendo que a geração do conhecimento está obviamente ligada à pesquisa científica. Apesar da mudança dos modelos econômicos e produtivos, este papel continua sendo da Universidade que, ao formar profissionais, deve imprimir nestes, marcas indeléveis de cidadania, criatividade e liderança. A cultura de empresas multinacionais, que sempre desenvolveram seus produtos nos países de origem, gerou por décadas no Brasil a expectativa de profissionais acomodados e simplesmente preocupados em manter seu emprego, sem se preocupar com a geração do próprio emprego. Este fato deve-se em parte à cultura universitária que, até o início da década de 90, considerava heresia aplicar recursos públicos em projetos associados com empresas. No contexto sócio-econômico atual, a pesquisa científica aplicada é alvo de constantes e profundas mudanças, pois ela propicia modificações bastante significativas nos meios de produção e por este mesmo motivo vem sendo associada cada vez mais às empresas. Observando modelos aplicados em países do Hemisfério Norte, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) vislumbrou, em meados da década de 90, a importância desta associação e criou o Programa de Incentivo à Pequena Empresa (PIPE) que culminou em inúmeros projetos de pesquisa associados entre a Universidade e Empresas, premiando a criatividade, a produção e a eficiência. A regionalização da Universidade é outro aspecto extremamente importante; ainda citando a Fapesp, esta criou o programa de Apoio a Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, fazendo com que inúmeros pesquisadores pudessem ser absorvidos por diferentes centros de pesquisa do Estado de São Paulo. Neste contexto, a Univap absorveu da ordem de 30 novos projetos apoiados pela Fapesp, fortalecendo todos os programas de pesquisa desenvolvidos pela Universidade. Isto só foi possível devido aos programas de pesquisa iniciados pela Universidade na década de 80 e que tiveram como mola propulsora a formação de profissionais engajados com o desenvolvimento regional. Dentre os programas podemos citar os de Engenharia Biomédica (Mestrado e Doutorado), Bioengenharia (Mestrado), Planejamento Urbano e Regional (Mestrado) e Ciências Biológicas (Mestrado), todos estes aprovados pela CAPES (Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior). Estes programas formam a cada ano dezenas de mestres e o Programa de Engenharia Biomédica deverá formar seus primeiros doutores nos próximos dois anos. Além disso, o Programa de Engenharia Biomédica da Univap foi qualificado pelo Centro Nacional de Pesquisas (CNPq) como o primeiro do País, à frente de todas as Universidades Públicas e Privadas do Brasil. Alunos de vários Estados ingressam nestes programas, desenvolvendo projetos de pesquisa, para diversas aplicações, contribuindo diretamente no ciclo da geração de empregos. Muitos projetos ligados à área da saúde vêm sendo desenvolvidos visando melhorar a qualidade de vida do paciente e reduzir os custos, entre eles podemos citar o Diagnóstico Precoce de Câncer, em parceria com o Hospital do Câncer de São Paulo; Fotocoagulação de Hemorróida com laser, eliminando a necessidade da cirurgia; Desenvolvimento de Cones Endodônticos Fotopolimerizáveis que permitem o fechamento do canal dentário em apenas uma etapa; Novos Processos de Esterilização de Materiais Clínico-cirúrgicos, reduzindo o tempo e o custo da esterilização; a Iluminação de Cavas de Grande Profundidade, buscando oxigenar e repovoar estas com peixes, entre diversos outros projetos. Além de formar mestres e doutores para o desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, estes programas induzem também à disseminação da cultura científica junto aos futuros profissionais, fornecendo-lhes a estes excelentes condições de gerar conhecimento associado com a responsabilidade da criação de novos empregos.