A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) abrirá já em 2007 um campus em São José dos Campos, a 90 quilômetros de São Paulo. O primeiro curso será de Ciências da Computação e terá 50 vagas, cinco delas separadas para o sistema de cotas.
Ele será oferecido somente em período noturno. A nova unidade faz parte do plano de expansão do governo Lula para universidades federais. A Unifesp já abriu um campus em Santos e faz neste ano vestibular para outros em Diadema e Guarulhos.
As inscrições para o campus São José serão abertas no dia 16, mas os candidatos participarão da mesma prova que os que já estão inscritos.
Segundo o pró-reitor de Graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello, o curso estava pronto e esperava apenas o aval do Ministério da Educação (MEC) e da prefeitura. O investimento do governo federal é de R$ 500 mil.
O curso vai funcionar dentro do Parque Tecnológico de São José dos Campos, uma estrutura montada pelo governo do Estado para agrupar empresas, universidades e institutos de pesquisa.
A abertura de cursos da Unifesp no local é um raro exemplo de união de forças federais e estaduais, de PT e PSDB, os dois partidos que disputam a eleição presidencial.
As aulas da Unifesp serão no mesmo prédio, de 30 mil metros quadrados, onde já funciona um curso da Faculdade de Tecnologia (Fatec), mantida pelo governo do Estado. A estrutura foi comprada pela prefeitura de São José dos Campos.
Lá também está sendo montado o Centro de Pesquisa Aeroespacial, com parcerias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Embraer e da Universidade de São Paulo (USP), entre outras.
O espaço idealizado pelo governo é inspirado no parque tecnológico do Vale do Silício, na Califórnia, e pretende ser uma incubadora para novos projetos de inovação tecnológica.
"Para isso, precisamos de recursos humanos. A abertura de cursos da Unifesp valoriza muito o parque", diz a secretária estadual de Ciência e Tecnologia, Maria Helena Guimarães de Castro. "Isso não tem nada a ver com projeto político", completa.
Novos cursos
A intenção, segundo o pró-reitor, é chegar a 1.600 alunos em quatro anos no novo campus. Há estudos para a abertura de outros cursos nas áreas de tecnologia biomédica e engenharia biomédica.
"A proximidade com as empresas e outros centros de pesquisa ajuda muito a aprendizagem dos alunos", diz Mello.
Com o novo curso, a Unifesp cria também o Centro de Tecnologia Biomédica, que tem a participação de professores do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com sede em São José.
O ITA oferece um curso de Engenharia da Computação e ajudou na formulação do currículo do curso da Unifesp. A ênfase será na área de saúde, com a oferta de disciplinas de bioinformática e telemedicina.
A Unifesp, antiga Escola Paulista de Medicina, começou neste ano a colocar em prática um projeto de expansão. O número de vagas total já aumentou em quase quatro vezes.
Até 2005, a instituição tinha apenas cursos de Medicina, Enfermagem, Fonoaudiologia, Ciências Biológicas e Tecnologia Oftálmica.
No início deste ano, os primeiros 200 alunos começaram a estudar no campus da Baixada Santista, que tem cursos na área de Psicologia, Educação Física, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Nutrição.
As outras duas unidades, de Diadema e Guarulhos, selecionam no fim deste ano estudantes para suas 200 e 400 vagas, respectivamente. Em Guarulhos, será a primeira vez que a Unifesp investe em cursos da área de humanas, como Ciências Sociais, Pedagogia, Filosofia e História.
A instituição também é a única pública no Estado a organizar um vestibular com sistema de cotas para estudantes negros e índios de escolas públicas.
Outros parques
Além do Parque Tecnológico de São José dos Campos, que começou a funcionar neste ano, o governo estadual está em negociação para inaugurar outros em São Paulo, São Carlos, Campinas e Ribeirão Preto.
O modelo existe também em países como Coréia do Sul e Finlândia. A idéia é que cada um tenha uma vocação tecnológica específica.
Em São José o foco será na área aeroespacial, mas, segundo a secretária, nada impede que outras cadeias produtivas ligadas à inovação se instalem no parque.