Um caminhão personalizado e equipado com ferramentas e artefatos irá percorrer escolas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) para lançar desafios de engenharia a alunos do Ensino Fundamental. Além dos equipamentos, os estudantes contarão com a orientação de monitores treinados. É a Oficina Desafio, o segundo projeto do Museu de Ciências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lançado ontem.
O objetivo é fazer com que os alunos a partir da 5 série desenvolvam a sua própria tecnologia em trabalho de equipe no período de quatro horas. As unidades educacionais interessadas já podem agendar a visita da Oficina Desafio pelo site www.mc.unicamp.br/desafio. As escolas públicas pagam, em média, R$ 6,00 por aluno e, as particulares, R$ 15,00. Mas, dependendo do caso, haverá bolsas integrais para estudantes carentes e cobrança simbólica de R$ 1,00 por estudante.
O projeto é realizado em parceria com o Instituto Sangari, uma entidade dedicada a promover educação básica com qualidade e inclusão social, e patrocinado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Para testar a Oficina Desafio, 45 crianças e adolescentes tiveram de solucionar o desafio de retirar o Zé, um personagem fictício, de dentro de uma mina, na sexta-feira passada. Os estudantes Rafael Henrique Sousa Bergamo, de 13 anos, da Escola Estadual Professor José Vilagelim Neto, e Isadora Ferreira Tessler, de 11 anos, da Escola Comunitária de Campinas, participaram do grupo que criou um elevador com o auxílio de um contrapeso — bolinhas de gude — para elevar o Zé. As bolinhas de gude também foram usadas como trava para parar a plataforma. "Eu aprendi a manusear ferramentas que não conhecia, como um alicate estranho", disse Bergamo. "Discutimos antes de fazermos a montagem", contou Isadora.
O grupo do irmão de Rafael, o estudante Bruno Eduardo de Sousa Bergamo, de 11 anos, usou duas rolhas no lugar das roldanas, que sustentam as cordas do elevador. "Nós as prendemos (as rolhas) com um prego", explicou.
O coordenador do projeto, Marcelo Firer, explicou que os alunos se organizam em grupos e que cada monitor fica responsável por duas equipes. São mais de 450 itens na oficina ambulante. Os equipamentos elétricos, como serras e furadeiras, são operados pelos monitores.
"Eles têm mais idéias do que a gente", atestou Firer. Nestes pequenos desafios, também podem participar alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os jovens cientistas participantes têm a oportunidade de trabalhar com as mãos, utilizando uma série de equipamentos disponíveis na oficina, como alicates, serras, chaves, espátulas, multímetro, torno, furadeira, lixadeira, entre outros. Com a Oficina Desafio, os estudantes são instigados a utilizar seus conhecimentos, experiências pessoais, interesses e talentos no processo de criar uma solução original. Esse método propicia uma experiência de aprendizado poderosa, em que os estudantes são inspirados a aprender e a alcançar uma meta como equipe, segundo Firer.
Grandes questões
No final de agosto devem ser abertas as inscrições para os grandes desafios da oficina, programa destinado a equipes com até seis pessoas. Os problemas serão parecidos, mas as soluções deverão ser mais sofisticadas. Por isto, o trabalho de busca pela solução tecnológica levará três meses, terminando com um evento em que as equipes apresentam os seus trabalhos e são distribuídos prêmios em diversas categorias. Os alunos poderão usar a oficina ambulante em datas e locais predeterminados durante o decorrer das atividades. Os estudantes terão de propor soluções para um determinado problema, como, por exemplo, projetar um mecanismo para levar alimentos aos leões de um zoológico, sem precisar trancá-los em uma jaula.
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)