Três novos centros de pesquisa serão instalados em Campinas com recursos oriundos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que irá abrigar as unidades, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Eles são parte de 17 Centros de Pequisa, Inovação e Difusão (Cepid) que estão sendo criados no Estado e que receberão financiamento de US$ 680 milhões por um período de 11 anos. É um dos maiores investimentos em programa de pesquisa apoiado por agência de fomento já anunciados no Brasil, informou a Fapesp.
Na Unicamp serão instalados o Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia, o Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades e o Centro de Pesquisa em Ciência e Engenharia Computacional. Os recursos - o orçamento de cada centro ainda está sendo analisado - irão financiar pesquisadores, pessoal técnico e de apoio e infraestrutura. As instituições-sede pagarão os salários, num total de US$ 310 milhões. As unidades contarão ainda com fundos adicionais aportados por indústrias parceiras e por outras agências de fomento à pesquisa.
Os 17 Cepids irão reunir 535 cientistas do Estado de São Paulo e 69 de outros países - na condição de pesquisadores principais ou associados. "O financiamento de grande porte e de longo prazo permite ousar nos objetivos de pesquisa, garante a consolidação da equipe e, ao mesmo tempo, confere maior escala à pesquisa científica e tecnológica no Estado", afirmou Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
O Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia, coordenado pelo professor Fernando Cendes, investigará os mecanismos básicos da epilepsia e do acidente vascular cerebral, assim como as lesões associadas. A pesquisa tem aplicações relacionadas à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação e contribuirá para a melhor compreensão da função cerebral. As investigações envolvem as áreas de genética, neurobiologia, farmacologia, neuroimagem, ciências da computação, robótica, física e engenharia.
O Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades, com a coordenação do professor Licio Augusto Velloso, terá como desafio buscar soluções para a obesidade, doença que resulta de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético, geralmente associado a diabetes, hipertensão, aterosclerose e alguns tipos de câncer. Apesar do grande avanço na caracterização dos mecanismos de controle da fome e da termogênese, a complexidade dos circuitos neurais e as dificuldades anatômicas para os estudos do hipotálamo humano dificultam o tratamento da obesidade. Além de compreender os seus mecanismos, o Centro buscará novas abordagens farmacológicas, nutricionais e físicas para o problema. Investirá, ainda, em programas de orientação preventiva para alunos do Ensino Médio e idosos e em métodos de triagem para a detecção de doenças associadas, em estreita relação com a indústria.
O Centro de Pesquisa em Ciência e Engenharia Computacional, segundo a Fapesp, desenvolverá e aplicará técnicas de modelagem computacionais avançadas para solucionar problemas de fronteira em engenharia da computação e ciências. Coordenado pelo pesquisador Munir Salomão Skaf, as investigações têm aplicação nas áreas de nanomateriais, sistemas biomoleculares complexos, de interesse para a saúde humana e bioenergia, bioinformática, materiais particulados, porosos e geofísica computacional, entre outros. O Centro abrigará uma divisão de Transferência de Tecnologia e contará também com uma unidade de Educação, Ciência e Divulgação, responsável pela organização e execução de atividades baseadas especialmente no desenvolvimento de materiais de e-learning voltados para professores e alunos da rede pública de ensino.
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