Uma parceria entre a Unicamp e a consultoria em transformação digital Templo.cc acaba de lançar um centro de inteligência artificial aplicada. Com o nome de BI0S – Brazilian Institute of Data Science, o hub tem como objetivo difundir a cultura de dados e promover a transformação digital no cenário brasileiro. Com apoio da Fapesp, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Comitê Gestor na Internet no Brasil, o centro receberá um investimento de R$ 10 milhões em cinco anos. Metade desse valor será de repasses públicos, e a outra metade virá de parcerias com a iniciativa privada.
No lançamento, o Bi0s já reúne mais de 100 cientistas. Entre as empresas patrocinadoras, estão IBM, Softtek, Albert Einstein, Binder e Motorola. No arranjo, as companhias levam, além do investimento, a experiência, conhecimento e as necessidades do mercado em que atuam. “Nesse centro, o Templo funciona como uma ponte para o mercado, e a Unicamp entra com a parte científica e acadêmica, é a instituição que mais produz ciência aplicada e pura da América Latina”, diz Herman Bessler, CEO da consultoria.
“Precisamos assumir o protagonismo na transformação digital no Brasil, conjugando excelência científica com a ética nas aplicações da inteligência artificial. Precisamos falar a língua do setor produtivo e também ouvir as diversas demandas sociais por soluções, gerar inovação e transferir tecnologia a partir dos valores da universidade pública”, afirma o professor Henrique Sá Earp, gestor executivo do BI0S.
O centro terá, inicialmente, três linhas de pesquisa: saúde, agronegócios, e métodos de ponta em IA. Hoje, alguns dos projetos em que o hub trabalha são diagnóstico de imagem com inteligência artificial, controle de pandemias e modelagem de queimadas. Há, ainda, a oportunidade de criar novas linhas de estudo no futuro.
Para Herman, o Brasil vive um momento dual na adoção da inteligência artificial. “Por um lado, o país tem despontado na criação de startups de IA e na pesquisa acadêmica. Mas nas organizações, ainda estamos na fase de organização dos dados”, diz. “Quem está usando a inteligência artificial está na ponta, e consegue gerar resultados. Isso demonstra que quem consegue contratar profissionais de ponta, implementar a IA na tomada de decisões e usar análises preditivas e prescritivas ganha competitividade”.
Entre os principais desafios para a maior adoção da tecnologia dentro das empresas, o executivo cita a atração e retenção de talentos. “Não temos profissionais no volume necessário para a demanda que existe hoje.” Em segundo lugar, Herman coloca a capacitação dos próprios executivos na compreensão dos potenciais da IA. Para ele, ainda falta entendimento de onde a IA pode ser melhor aplicada e o que é factível.