Controlar um reator químico de ciclo-hexanol é uma tarefa complexa, que envolve a segurança de toda a indústria química. Sobretudo diante de flutuações freqüentes na rotina de funcionamento do equipamento, como a desativação de catalisadores em diferentes fases do processo químico, mudanças na vazão da alimentação e alterações operacionais. Para lidar adequadamente com os constantes ajustes necessários, a Rhodia, de Paulínia, e uma equipe de pesquisa da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, fizeram uma parceria, que já produziu seus primeiros frutos.
Primeiro fizemos uma modelagem do reator de ciclo-hexanol, para simular em computador todo o processo, explica Rubens Maciel Filho, coordenador do projeto na Unicamp. Depois desenvolvemos um algoritmo de controle avançado adaptativo. Ou seja, um programa capaz de controlar o reator, nas suas múltiplas fases, de acordo com as melhores condições de operação e as necessidades de produção da empresa. O controlador faz automaticamente diversos ajustes, integrando as condições desejadas de forma inteligente, conforme surgem as necessidades.
Maciel Filho trabalhou na modelagem e no algoritmo durante 3 anos, com uma equipe de 4 doutorandos na Unicamp e financiamento da ordem de 33 mil dólares, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, mais 340 mil reais de investimento da Rhodia. A pesquisa prossegue, agora, com o desenvolvimento de um algoritmo de otimização, que busca a integração do processo químico em condições ótimas de operação. Este segundo algoritmo deverá passar ainda por um ano de testes até estar em condições operacionais.
Os softwares desenvolvidos - tanto o controlador como o de otimização -podem ser utilizados em outras indústrias químicas, petroquímicas e de biotecnologia, uma vez feita a modelagem específica, diz Maciel Filho, em vias de registrar a propriedade intelectual do programa. A vantagem destes programas sobre os comerciais, disponíveis no mercado, está no fato deles serem softwares abertos, desenvolvidos junto com a empresa interessada, ao invés de caixas-pretas, com grande dependência da assistência técnica externa. Outra vantagem, imensa, é o preço: enquanto os softwares de controle comerciais podem chegar perto de um milhão de dólares, os da Unicamp devem ficar em torno dos 100 mil.
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Agência Estado