A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está desenvolvendo dois projetos que buscam avançar nas medidas de combate à prematuridade no Brasil. Os projetos se chamam Preterm Samba e MAES e são financiados pela fundação Bill & Melinda Gates e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Samba
O projeto Preterm Samba pretende encontrar pela primeira vez, no conjunto das mulheres grávidas e com baixo risco gestacional, biomarcadores (metabólitos produzidos ou modificados pelo organismo), a fim de detectar precocemente mulheres com alto risco para parto prematuro.
Os biomarcadores serão testados contra amostras de todas as mulheres que participaram do estudo e que tiveram, ou não, parto prematuro. O objetivo dos testes será observar se, de fato, esses biomarcadores irão apontar as mulheres com risco para parto prematuro.
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O projeto encontra-se em fase final de análise de dados e já foi implementado em cinco universidades brasileiras (Campinas-Unicamp, Botucatu-Unesp, Universidade Federal do Rio Grande do Sul-Porto Alegre, Universidade Federal de Pernambuco-Recife e Universidade Federal do Ceará-Fortaleza).
MAES
Já o segundo projeto, o MAES (Maternal Actigraphy Exploratory Study), cujo título em português é Estudo Exploratório da Actigrafia Materna, está em fase inicial de análise de dados.
O projeto examinará se os padrões de atividade física e sono/vigília influenciam as condições de saúde das gestantes. Para isso, está sendo desenvolvido um actígrafo, uma espécie de relógio digital que a gestante coloca em seu pulso, responsável por estimar e monitorar, entre outros fatores, alterações do sono e atividade física.
“Algumas doenças crônicas como diabetes e câncer são conhecidas, hoje, por estarem associadas a distúrbios no sono e à atividade física”, lembra o obstetra José Guilherme Cecatti, responsável pelos dois estudos.
O actígrafo vai ajudar a observar sinais precoces de condições médicas graves, como diabetes gestacional e parto prematuro, para que possam ser reconhecidos rapidamente ou até mesmo prevenidos.
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““Estima-se que, a cada dez nascimentos no Brasil, um seja prematuro. Com esses dois estudos, poderemos recomendar algum tipo de intervenção, mediante políticas públicas, com apoio do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde”, finaliza o obstetra Cecatti.