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Cruzeiro do Sul

Unicamp avalia incluir, no SUS, exame de sequenciamento de DNA (1 notícias)

Publicado em 22 de junho de 2013

"Esses pacientes, muitas vezes, ficam durante anos rodando por diversos centros de saúde, consultando especialistas e sendo submetidos a exames caros. Isso sobrecarrega o SUS e causa grande frustração nas famílias. Então, mesmo que não tenha impacto no tratamento, o diagnóstico precoce é importante e economiza recursos públicos. É justamente isso que queremos analisar objetivamente por meio de metodologia apropriada para a avaliação de custo-efetividade de novas tecnologias que podem ser incorporadas ao SUS", afirmou Lopes-Cendes.

Atualmente, no Brasil, esse tipo de teste para diagnóstico é oferecido apenas por serviços privados, o que limita o acesso dos pacientes. "Não conheço nenhum sistema público de saúde do mundo que tenha realizado um estudo de custo-efetividade para avaliar esse novo método de diagnóstico. Isso nos motivou a realizar a análise de forma sistematizada", contou a pesquisadora.

Parte do estudo, previsto para durar quatro anos, será realizado no âmbito do Instituto Brasileiro de Neurociências e Neurotecnologia, um dos novos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenado por Fernando Cendes.

"Ainda estamos trabalhando no desenvolvimento de toda a parte de bioinformática do projeto, ou seja, o algoritmo necessário para interpretar os dados obtidos no sequenciamento para uso clínico. Temos alguma experiência no uso desses algoritmos na pesquisa, mas precisamos de um método amigável, com o máximo de informação possível, para que o médico seja capaz de interpretar os resultados", contou a pesquisadora.

Epilepsia hereditária

Também no âmbito do novo Cepid, Lopes-Cendes continuará a busca pela mutação causadora da epilepsia de lobo temporal mesial familiar. Até o momento, alguns genes candidatos foram identificados em uma única família, com auxílio da Fapesp por meio de um Projeto Temático e de um Apoio a Jovens Pesquisadores.

"Agora, com o financiamento do Cepid, pretendemos avaliar outras 35 famílias de pacientes com a doença. Se não encontrarmos as mutações nesses genes candidatos, podemos fazer o sequenciamento do exoma para buscar outras variantes genéticas", explicou Lopes-Cendes.

Além disso, o grupo também pretende fazer a análise funcional dos genes encontrados até o momento em um modelo animal, em parceria com o laboratório coordenado por Claudia Maurer-Morelli na FCM-Unicamp. "Vamos silenciar esses genes no zebrafish (peixe paulistinha) para ver se isso produz o fenótipo da doença", contou a pesquisadora.

Os resultados preliminares da investigação foram apresentados no workshop Advanced Topics in Genomics and Cell Biology, organizado em maio pelo Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho (LaCTAD) e pelo Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), com apoio da Fapesp.