Um estudo de uma das mais renomadas universidades do país, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), alerta para a inevitabilidade do isolamento total e obrigatório em São Paulo no mês de junho: mantida a taxa de contágio atual, que é o número de pessoas para as quais um infectado transmite o vírus, no final de junho São Paulo contabilizará 53,5 mil novas infecções por dia.
O cálculo foi feito considerando-se os dados reais de crescimento do número de casos ao longo do último mês, que indicam uma taxa de contágio de 1,49 para o estado e de 1,44 para a cidade de São Paulo. Ou seja, no final de abril, cada 100 paulistas infectados transmitiam o novo coronavírus para quase 150 pessoas, em média (ao longo de um período de cerca de 7,5 dias após se contaminar, de acordo com a modelagem utilizada).
O estudo é liderado pelo matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp e coordenador do Programa Especial Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesp. Em entrevista à jornalista Karina Toledo, da Folha de S.Paulo, ele afirmou que as projeções, mesmo dramáticas, “têm grande chance de estarem subestimadas, pois o nível de isolamento vem caindo desde o início de abril e, entre 5 e 9 de maio, não ultrapassou 50%, o que provocará o aumento da taxa de contágio”.
Pedrosa disse também que os efeitos da subnotificação se farão sentir “daqui a 15 ou 20 dias no número de novos casos, depois sobre o número de óbitos. Mas, mesmo que se mantenha o nível de contágio estimado até 10 de maio, os valores projetados indicam que ainda este mês o sistema público de saúde da Região Metropolitana de São Paulo] atingirá o limite, pois o nível de ocupação de leitos de UTI já está acima de 80%. Se o isolamento não for ampliado urgentemente, o estado terá de adotar medidas mais drásticas de contenção, como ocorreu na Itália, ou a situação se tornará insustentável.”