Muitas hidrelétricas das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil tem problemas operacionais com a proliferação de duas espécies de planta aquática: a Egeria najas e a Egeria densa. As duas vivem totalmente submersas, em águas calmas e com sedimento de fundo rico em nutrientes, sendo a segunda típica de águas mais profundas e responsável por danos maiores às turbinas, porque é mais fibrosa. As duas espécies também consomem altas quantidades de oxigénio e, quando proliferam demais, podem causar mortandade de peixes.
O controle mecânico é difícil, por serem as plantas submersas, e o controle químico arriscado, devido à contaminação potencial dos herbicidas. Por isso, a Universidade Estadual de São Paulo, UNESP, e a Companhia Energética de São Paulo, CESP, fizeram uma parceria, para pesquisar alternativas de controle biológico. "Conseguimos identificar um fungo, presente nas bacias do Paraná, do Aporé e do Tietê, e também no Pantanal Matogrossense, capaz de eliminar de forma eficaz as duas plantas, em condições de laboratório", comenta Robinson Pitelli, da UNESP, coordenador do projeto há 4 anos.
O uso do fungo para o controle biológico vem sendo testado, nos últimos 2 anos, quanto à sua especificidade. "Queremos saber se ele ataca somente as plantas aquáticas que se pretende controlar, sem afetar as culturas comerciais", explica Pitelli. "Ou, caso alguma cultura seja afetada, avaliaremos o risco da transmissão, dependendo da distância dos campos cultivados até as margens dos reservatórios".
Está igualmente em testes a sobrevivência do fungo no ambiente dos reservatórios, visto que sua atuação diminui quando as águas são alcalinas. Por enquanto, todos os testes são feitos em tanques fechados, sem comunicação com cursos d'água, para não haver risco de vazamentos antes das conclusões finais.
Um pesquisador e um doutorando trabalham na pesquisa, na UNESP, mas os primeiros resultados já interessaram um laboratório norte-americano da Universidade da Califórnia, onde as duas plantas brasileiras também já infestaram reservatórios de hidrelétricas. Além de "exportadas" para os Estados Unidos, estas espécies foram registradas na Austrália e Nova Zelândia.
Maiores informações através do endereço eletrônico biologia@fcav.unesp.br.
Notícia
Agência Estado