Notícia

O Imparcial (Presidente Prudente, SP)

Unesp preserva o maior museu e acervo odontológico do País (1 notícias)

Publicado em 03 de março de 2004

Por ROGÉRIO SILVEIRA
As três mil peças do "Museu Odontológico Prof. Dr. Welingtom Dinelli" da Unesp preservam, em Araraquara, a história da odontologia, a evolução do instrumental odontológico e a história da Faculdade, a segunda escola de odonto mais antiga do Brasil que completou 80 anos em 2003. O acervo é o maior e mais variado do País e tem o maior número de itens em exposição permanente que se conhece. O Museu ocupa cem metros quadrados de uma sala no andar térreo da FO - Araraquara, anexo à biblioteca. Nele, o público tem a oportunidade de conhecer consultórios antigos, modelos dentários, material didático, catálogos, aparelhos de alta rotação e sua evolução ao longo do tempo, sugadores de saliva, medicamentos, estufas esterilizadoras e antigos anúncios de material odontológico restaurados. Desde outubro de 2003, o Museu está aberto todos os dias de semana para visitação. É apresentada uma cronologia da história da odontologia e o público descobre que o ofício do dentista, foi exercido na Idade Média por barbeiros, por volta do ano 1100. As informações são oferecidas por meio de retratos e fotos de época, alguns assustadores, que mostram como era o atendimento das pessoas. Na seqüência, a exposição apresenta um consultório itinerante, do século XIX, que era transportado no lombo de burros para atender a população brasileira dispersa em pontos longínquos, principalmente no interior da Bahia e de Minas Gerais. O destaque seguinte é um consultório retrátil utilizado na Segunda Guerra Mundial, que era lançado de pára-quedas para atender aos soldados no campo de batalha. Do mesmo período, há um aparelho alemão de Raios-X da marca Siemens, dos anos 40, que segundo os expositores, deixou de ser fabricado por ser eficiente demais. "Nunca quebrou e, se for preciso, pode ser usado até hoje", conta Carolina Carvalho Bortoletto, monitora do museu. História A idéia de um museu odontológico teve início no final da década de 1970 quando o ex-diretor da FO Rafael Lia Rolfsen solicitou aos ex-alunos e fornecedores da universidade que doassem peças que estivessem sem uso. Inicialmente, elas foram estocadas numa pequena sala do sexto andar do prédio da faculdade de odontologia e o museu começou a tomar forma no início dos anos 80, quando o professor Welingtom Dinelli, também ex-diretor da FO abraçou a causa. Os anos de luta pela efetivação do Museu renderam ao professor Dinelli uma homenagem: o conjunto foi batizado com seu nome. "A maior dificuldade foi conseguir um local definitivo para receber o acervo, que até hoje cresce sem parar", explica Dinelli. "A disposição em preservar a história da instituição acabou por contagiar outros profissionais da FO, como a professora Angela Cristina Zuanon, do Departamento de Odontopediatria, a bibliotecária Maria Helena Matsumoto Komasti Leves, o supervisor de seção Róbson Ostan, o auxiliar acadêmico aposentado Cláudio Titã e o pintor Wagner Adalberto Corrêa dos Santos", finaliza. Roberto Esberard, vice-diretor da FO assumiu a coordenação do Museu em 2002. "Tenho a ferrugem no sangue, sou colecionador de Lambrettas, Vespas e automóveis antigos. "Em 2002, fui convidado pelo professor Dinelli e dei prosseguimento à iniciativa dele", lembra. "Desde o início, recebi o apoio do professor Ricardo Abi-Rached, diretor da FO-Araraquara e por todos os departamentos da FO, que não mediram esforços no sentido de consolidar as atividades do Museu", lembra. "Minha preocupação foi criar ambientes propícios para a visitação do público com conforto. Adaptei as instalações disponíveis, reuni e dispus as peças de modo didático-funcional, com o objetivo de tornar a exposição auto-explicativa para os leigos", conta. "Para isto, visitei os principais museus odontológicos do País, da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), na capital, de Piracicaba e um no Rio de Janeiro", conta Esberard. "Mantenho contato permanente com estas instituições e sempre consigo por meio de permutas e doações novos itens para o Museu", relata. Patrocinadores Esberard conta que o Museu odontológico recebeu, a algum tempo atrás um importante apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), mas o principal aliado para colocar o museu em atividade permanente foi a Pró-Reitoria de Extensão Universitária (Proex) da Unesp. "O Pró-Reitor de Extensão Benedito Barraviera ofereceu auxílio financeiro e patrocinou uma bolsa de estudos, que foi repassada para um dos alunos monitores de visitação". A Fundunesp é o segundo principal colaborador e a Dabi Atlante, fabricante de material odontológico, também concede uma bolsa de alunos por meio do Projeto "Adote um Aluno" da Unesp. A bolsa patrocinada pela Dabi Atlante é direcionada especialmente para o pagamento deste aluno. As duas bolsas mantém os dois alunos bolsistas que são monitores do Museu, e se dividem nos horários da manhã e da tarde. A empresa prometeu recursos significativos para o início de março para dar prosseguimento às atividades do Museu", conta Esberard. Agendamentos O Museu foi incluído pela Secretaria de Turismo de Araraquara como atração turística permanente da cidade. Desde a inauguração, mais de mil pessoas já assinaram suas listas de visitas. Eleja foi incluído no Guia Brasileiro de Museus e fica aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h e das 15h às 17h, com entrada franca. As escolas ou grupos interessados em conhecer o local, devem entrar em contato com a diretoria da FO, pelo telefone (16) 201-6432. Rogério Silveira é jornalista e webdesigner do Informativo Proex.