- Pesquisadores do Instituto de Biotecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, interior de São Paulo, isolaram bactérias que podem funcionar como agentes antidengue.
Também desenvolveram em laboratório linhagens transgênicas do Aedes aegypti, com características diferentes do mosquito criado pela inglesa Oxitec. Desde o fim do ano passado, os estudos estão sendo expandidos para o vírus zika.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com grupos das universidades inglesas de Keele e Imperial College London e apoio da Fapesp, busca formas de neutralizar o vírus dessas doenças no organismo do mosquito transmissor. De acordo com o pesquisador Jayme Souza-Neto, coordenador do laboratório de vetores da universidade, o estudo investiga o vírus quando chega ao intestino do mosquito, após o inseto se alimentar com o sangue infectado. "Quando o vírus consegue sair do intestino e chegar às glândulas salivares, o mosquito se torna transmissor. Nosso interesse é desvendar a interação entre defesas imunológicas do inseto e micróbios que o colonizam e criar barreiras para impedir essa travessia", explicou.
O estudo está identificando bactérias e genes que tenham habilidade de impedir a replicação do vírus no Aedes. Os testes para o bloqueio do vírus já foram iniciados no mosquito e in vitro. "Estamos iniciando a geração de linhagens de Aedes aegypti geneticamente modificadas, em que alguns genes não funcionam. A ideia é gerar linhagens que sejam resistentes ao vírus. Mais recentemente expandimos esses mesmos estudos para o vírus zika."
De acordo com o pesquisador, o uso de bactérias contra o Aedes pode ser feito diretamente no ambiente. "Se encontramos bactérias do próprio mosquito com propriedades antidengue, podemos produzi-las em larga escala e borrifá-las na natureza.Os mosquitos que tiverem contato com essa bactéria podem se tornar resistentes ao vírus, o que reduziria a transmissão." No Brasil, foi inaugurada em 2014, pela empresa britânica Oxitec, a primeira fábrica de Aedes transgênicos. Nesse caso, porém, a modificação genética não altera a capacidade do inseto de se defender da doença, mas faz com que sua prole seja inviável. De acordo com Souza-Neto, as estratégias são complementares, assim como outras medidas.
/Agências