Uma pesquisa da Unesp de Rio Preto identificou cinco novas espécies de insetos na região de Rio Preto e encontrou outras duas (que até então só tinham sido encontradas na América Central), além de dezenas de espécies de ácaros e três fungos desconhecidos. Além da descoberta das novas espécies, a pesquisa, que durou cinco anos e recebeu investimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de R$ 1,5 milhão, também mapeou 1,8 mil exemplares de 14 espécies de plantas, animais, algas e micro-organismos existentes em 18 trechos de matas nativas em 16 cidades da região noroeste. "O intuito era fazer o mapeamento da diversidade na região e fornecer subsídios para propor formas de preservação dessas áreas, que estão em propriedades particulares", explica o coordenador da pesquisa, professor Orlando Necchi Júnior.
Segundo ele, a região já tinha sido indicada pelo projeto Biota, da Fapesp, como uma das prioritárias para esse tipo de levantamento. Os cerca de 100 pesquisadores (entre professores e alunos) envolvidos no trabalho, visitaram matas nativas de propriedades privadas entre as cidades de Matão e Turmalina, e tiveram uma grande surpresa ao encontrar espécies inéditas e também outras que eram consideradas inexistentes na região. "A gente imaginava que todas as matas teriam mais ou menos as mesmas espécies, e espécies que já tínhamos registro na região, mas a nossa surpresa foi que cada uma delas tem seu ecossistema muito diferente da outra, com poucas espécies em comum, e também muitas espécies novas", afirma Necchi.
Ele também acredita que a legislação deve criar algum tipo de incentivo para esses proprietários que mantiveram as reservas, mesmo sem a obrigação legal. Com essas descobertas, os pesquisadores afirmam que é possível pensar em uma ampliação dessa biodiversidade. "É possível pensar em ligar essas matas entre si com várias reservas legais, formando um corredor ecológico que poderia ampliar a diversidade das espécies em toda a região", diz o pesquisador. Responsável pela pesquisa relacionada aos insetos, o professor Fernando Barbosa Noll, também da Unesp de Rio Preto, afirma que a descoberta é muito valiosa para a região.
"Do ponto de vista biológico, a importância (da descoberta) é pequena, porque inseto é o maior grupo de seres vivos do planeta, mas do ponto de vista local é extremamente importante, porque se pensarmos o nível de degradação que nossa região já sofreu e ainda assim ter conservado espécies até desconhecidas, é uma grande descoberta", diz. As novas espécies de insetos foram encontradas em matas de Sales e ainda estão sendo catalogadas pela equipe. No dia 16 de março, será lançado um livro com os resultados dos cinco anos de pesquisas, no Sesc de Rio Preto.