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Unesp "exporta" projeto da Unisoja

Publicado em 03 julho 2003

A experiência bem sucedida da Unisoja, desenvolvida pelo Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, será exportada para o câmpus avançado da universidade em São Vicente, no litoral paulista, e para o estado do Piauí, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O coordenador do programa, o farmacêutico e doutorem tecnologia de alimentos Elizeu Antônio Rossi, afirma que ele já esteve reunido com os assessores do Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome e do MCT, que se interessaram em expandir o programa para esses locais. De acordo com a assessoria do MCT, a instalação do programa no Piauí vai contribuir para a consolidação do Fome Zero no semi-árido nordestino. Na próxima terça-feira, dia 8, Rossi estará reunido com o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, para ter mais informações sobre o início do programa. A Unisoja iniciou suas atividades em 1997 e o programa de beneficiamento da soja é feito em parceria com a prefeitura municipal, que além da construção do prédio, fornece os grãos, o açúcar, os aromatizantes e os sais que compõem o leite. Os cinco funcionários da Unisoja também são servidores da prefeitura. Os equipamentos foram financiados com recursos de agências de fomento como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Centro Argentino Brasileiro de Biotecnologia (Cabbio). À universidade fica a responsabilidade de supervisão e controle de qualidade, do treinamento das equipes e a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos. Hoje a unidade de beneficiamento processa 120 quilos de soja que resultam em 750 litros de leite por dia, que são embalados em 4,5 mil saquinhos de 200 ml cada. Esses saquinhos são distribuídos em 34 instituições entre creches municipais, asilos, orfanatos, hospitais e também para 300 famílias carentes, cujas crianças tem intolerância ao leite de vaca. "Também fazemos o acompanhamento de altura e peso dessas crianças e a aceitação do produto entre os consumidores", explica o coordenador. Rossi adianta que em breve a Unisoja estará também produzindo iogurte redutor de colesterol que também serão distribuídos pela prefeitura. De acordo com Rossi, as unidades da Unisoja em São Vicente e no Piauí deverão ter capacidade para beneficiar 1,8 mil litros de leite de soja por dia e a parceria para a execução do programa será entre as prefeituras locais e o MCT e a construção e equipar cada unidade está orçado em torno de R$ 250 mil. BENEFÍCIOS Segundo o coordenador, a soja é o que a comunidade científica chama de alimento funcional. Ele explica que essa categoria de alimentos apresenta, além do valor nutricional, também propriedades de prevenir ou combater doenças crônicas e degenerativas, como cardiopatias e câncer. Rossi, que pesquisa as propriedades da soja há 20 anos, explica que já é vasta a literatura que comprova a ação da soja como redutor do colesterol e também dos índices de câncer. "Se compararmos, por exemplo, a incidência de câncer de mama entre as mulheres ocidentais e as orientais, que têm os derivados da soja como base da alimentação, vemos que o segundo grupo apresenta índices muito menores da doença", declara. Ele reforça também outras vantagens entre o leite de soja e o leite de vaca como a isenção de colesterol e lactose e o custo de produção inferior. Quanto ao valor de proteínas e gorduras, os dois produtos são equivalentes. Um dos desafios da Unisoja, de acordo com Rossi, é criar na população o hábito do consumo de soja, pois o país é o segundo maior produtor do grão no mundo, com safra 2003/2004 estimada em 50 milhões de toneladas, no entanto o único produto consumido é o óleo. O coordenador diz que esse desafio só será vencido quando tiver no mercado produtos de qualidade. "Aqui na Unisoja agregamos qualidade e sabor ao leite e por isso em nossas pesquisas obtemos cerca de 98% de aprovação entre os consumidores", conta.